No seu discurso no âmbito do prémio Nobel da Paz no ano de1993, o legendário Nelson Mandela proferiu entre outras, estas palavras: “não se pode criar uma sociedade nova reproduzindo um passado repugnante por muito refinado e atraente que seja”.
Na procura da justiça e da paz, alguns dos caminhos procurados e percorridos por muitos, são os caminhos de litigações e vinganças. A experiência humana mostra que, as litigações e as vinganças são círculos virtuosos, no entanto, a proposta de negociação, o tema em discussão pode não só prevenir as litigações e vinganças mas, torna-se a ultimo recurso quando estes (litigações e vinganças), chegam infrutiferamente ao seu termo.
A negociação forma parte integrante da vida diária em todas as organizações humanas e instituições, sejam elas informais, formais ou semiformais que vão desde as famílias, empresas, escolas, associações sindicais, círculos religiosos, paraestatais e estatais e, chegando até mesmo aos níveis internacionais e intercontinentais.
Pode-se mesmo afirmar que a negociação atravessa todas as interações humanas, de forma aberta ou recatadamente. Assim, a vida faz-se de negociações e, na maioria das vezes, as pessoas não obtêm o que merecem, mas sim o que são capazes de negociar. Desta forma, a negociação torna-se uma arte, um processo e, ao mesmo tempo, um resultado de justiça e de paz duradoura.
Uma das caraterísticas hoje, do ambiente de vida e negócio, pode adequadamente ser referido como espaço aberto. Este, não só entendido no seu aspeto físico, que tem vindo a estar na moda nas organizações, instituições e empresas para facilitar a colaboração e a disseminação de informações no trabalho, mas no sentido, de acesso quase imediato que se pode conseguir mesmo dos acontecimentos em todos os cantos do mundo hoje.
Ora, isso implica um conjunto de perceções, de origens, de atitudes e de valores que muitas vezes, na geração e transmissão de informação, entram em contradição, uns com os outros. Assim, no dia-a-dia das organizações, empresas e paraestatais, as pessoas estão em contato constante. E, esses contatos nem sempre são amigáveis porque, por vezes, os interesses, escolhas, preferências, ambições e idiossincrasias das pessoas se confrontam com os outros. Essa variação de interesses, por sua vez, afeta, influencia e condiciona as pessoas e seus comportamentos em qualquer contexto organizacional.
O resultado de tudo isto é um sentimento de injustiça que pode levar aos conflitos que, por sua vez, pode ser construtivo ou destrutivo, dependendo de como as questões são abordadas e se as partes envolvidas são ou não conhecedores dos mecanismos de conflitos e negociações como parte integrante das relações interpessoais. Na avaliação, se esses conflitos são ou não a curto ou a longo prazo benéficos para a organização em questão, pode haver necessidade de mediação entre as partes, exigindo negociação e evitando a litigação e conflitos.
Outras formas de procura de justiça e de paz têm resultado em vencedores e vencidos, mas a negociação não. Nesta, ambas as partes ganham (win-win situation), dado a possibilidade das partes poderem escolher por si os intervenientes no processo negocial.
Num ambiente multicultural crescente que caracteriza a vivência humana e a mentalidade de negócios da atualidade a necessidade de uma abordagem, sendo esta mais abrangente de conflitos (abrangentes) não pode ser enfatizada em demasia e, a experiência confirma que, a negociação consegue o que as litigações e as vinganças não conseguem na procura de justiça e a da paz duradoura.
P. Simon Ayogu