28º Domingo do Tempo Comum
O nosso jeito de celebrar os acontecimentos mais importantes da nossa vida pessoal, familiar e social inclui uma boa refeição, uma ‘jantarada’ como costumamos dizer. É dessa experiência que se serve a palavra do Senhor deste domingo para nos falar do Reino dos Céus, comparando-o a um banquete.
E o mais importante de uma ‘jantarada’ ou banquete nem é tanto a comida – abundante e diversificada – ou a bebida – ao sabor dos comensais – mas o ambiente em que ela decorre, caracterizado pela alegria e boa disposição, pela convivialidade, sem pressas e por um traço comum: a relação com o homenageado ou o anfitrião, que faz com que “o amigo do meu amigo seja meu amigo também”.
Por isso, no banquete do Reino dos Céus não haverá nem estranhos, nem inimigos, mas tão-somente amigos, como também estarão afastadas as causas de sofrimento: a doença e a morte.
No evangelho, o acento está posto na recusa dos convidados, que, à última da hora, invocam todo o género de desculpas para não comparecerem. Estranha e reprovável atitude, diremos nós também. Mas essa é exatamente a questão: não nos desculparemos nós com demasiada facilidade, para faltarmos ao banquete da Eucaristia dominical, anúncio e antecipação do banquete do Reino? E, quando vamos, com que disposições participamos nele? A nossa presença e participação irradiam alegria, proximidade e comunhão, ou estamos ali apenas para cumprir uma obrigação, um ‘frete’? Tem alguma influência na nossa vida? O pormenor do ‘traje nupcial’ tem muito a ver com a lógica da nossa participação: não dá para “estar como se não estivesse”!
A participação no banquete de Deus transforma-se necessariamente num compromisso e em missão: compromisso em saciarmos as ‘fomes’ de tantos irmãos nossos, e missão para sermos portadores do convite de Deus a todos aqueles a quem ele ainda não chegou!
Como afirma o Papa Francisco “a missão é resposta, livre e consciente, à chamada de Deus. Mas esta chamada só a podemos sentir, quando vivemos numa relação pessoal de amor com Jesus vivo na sua Igreja. Perguntemo-nos: estamos prontos a acolher a presença do Espírito Santo na nossa vida, na vida comum de todos os dias? Estamos dispostos a ser enviados para qualquer lugar a fim de testemunhar a nossa fé em Deus Pai misericordioso, proclamar o Evangelho da salvação de Jesus Cristo, partilhar a vida divina do Espírito Santo edificando a Igreja? Como Maria, a Mãe de Jesus, estamos prontos a permanecer sem reservas ao serviço da vontade de Deus? Esta disponibilidade interior é muito importante para se conseguir responder a Deus: “Eis-me aqui, Senhor, envia-me”. E isto respondido não em abstrato, mas no hoje da Igreja e da história”.