Tenho uma certa saudade do velho tempo… do tempo em que não havia covid e as suas variantes maliciosas.
Ah fevereiro de 2020… as Igrejas estavam cheias, as paróquias, as congregações, os movimentos e afins, todos em ordem de marcha na luta para um mundo melhor, no anúncio de Cristo Salvador.
A título de exemplo, nessa altura, os crismandos não se crismavam apenas para serem padrinhos e os jovens não tinham medo do compromisso, prova disso, todos se queriam casar, todos queriam ser catequistas, todos queriam ser santos!
As paróquias, as congregações, os movimentos e afins tinham tornado a terra um verdadeiro pedaço de céu. Lembram-se desse tempo? Eu não, mas lembro-me bem do tempo em que se diz:
As igrejas estão vazias: a culpa é da pandemia.
Não há grupos de jovens: a culpa é da pandemia.
Não há batizados: a culpa é da pandemia.
Não há quem queira ficar responsável pelas flores: a desculpa é a pandemia.
Não se fala de Jesus: a culpa é a pandemia e talvez nossa, ou se calhar a culpa é mesmo toda nossa, afinal somos Igreja, somos Assembleia ou um mero rebanho de semi-beatos cheios de vontade de fazer tudo? Atividades, encontros com direito a fotos cheias de estilo para as redes sociais, e ao mesmo tempo nada, pois o rebanho quase esqueceu a voz do seu Pastor, que é agora eco que teima em ressoar o essencial, embora sem grande alcance.
Obviamente não é preciso ser tão radical para um sentido ou para o outro. Porém, a pandemia tornou-se um refúgio para os nossos receios, para as nossas limitações e frustrações.
Não é deveras fácil trabalhar para a Ceia do Senhor e ainda mais difícil admitir que não conseguimos, mas será que não conseguimos? Será que tentamos? Será que repensámos na forma como agimos?
Obviamente a situação sanitária/social/económica trouxe ainda mais provocações, anseios e transformações em tudo e em todos.
Mas a nossa frente, está um desafio, um desafio de uma dimensão que escapa à nossa imaginação, o desafio de sermos realmente tripulantes da barca de Cristo. E para isso, temos de ser Igreja e ao ser Igreja, não precisámos de desculpas… se o obstáculo é demasiado alto, construímos juntos uma escada maior, sempre juntos caminhamos juntos. Caminhar juntos… hum… isso soa a alguma coisa, sinodalmente falando! Crescemos juntos na Fé em Cristo Jesus.
Porque sim, temos a melhor proposta de caminho de felicidade: Jesus! O maior testemunho de vida: Jesus! Temos: Jesus! Ou nem por isso… temos?
Caso contrário, temos é a nossa muleta preferida “a culpa é da pandemia”, pois a culpa é da pandemia, mais uma vez…