4º Domingo do Tempo Comum
Em todos os textos deste domingo encontramos a ideia de caminho: é Jesus, que “passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho”; é Paulo que nos apresenta “um caminho de perfeição que ultrapassa tudo”; ao profeta Jeremias Deus manda-o pôr-se a caminho para ir dizer o que Senhor lhe ordenar.
Mas não se trata de caminho fácil, nem de simples passeata em fim de tarde amena: Jesus, para seguir o seu caminho, teve de enfrentar a incredulidade violenta dos seus conterrâneos, pouco faltando para que estes o precipitassem da colina abaixo.
Por outro lado, sabemos bem todos como não é fácil praticar uma caridade que “tudo desculpa, tudo crê, tudo espera e tudo suporta; que é paciente e benigna e que não é invejosa, nem altiva, nem orgulhosa”. Por sua vez, a Jeremias é dito para não temer os senhores do poder temporal e espiritual: nem os reis, nem os chefes, nem os sacerdotes, nem o povo. Deus garante-lhe: “Eu estou contigo para te salvar”.
Numa cultura como a nossa em que as palavras ‘esforço’, ‘perseverança’ e ‘renúncia’ quase foram banidas dos dicionários por falta de uso, percebemos todos que a mensagem deste domingo é um desafio exigente para cada um e cada uma de nós, pois hoje procura-se o mais fácil, o mais cómodo, o mais agradável e, sempre, com o mínimo esforço.
Esta exigência de esforço, de perseverança e de renúncia é a fatura a pagar por todos aqueles que queiram acolher esta Palavra de Deus e pô-la em prática. Por isso, é também a cada um e cada uma de nós que o Senhor diz: “Cinge os teus rins e levanta-te, para ires dizer tudo o que Eu te ordeno”.
Quem, por amor, se confia ao Senhor experimentará, como Jeremias, o mistério da vocação: “Seduziste-me, Senhor, e eu deixei-me seduzir”! Mesmo que quiséssemos dizer não, sentiríamos “um fogo devorador que se alojou nos ossos”, que não dá para ser apagado: “esgotei-me em refreá-lo, e não consegui!”
A nossa própria experiência nos ensina que podemos fazer nossas as palavras do Salmista: “Desde o nascimento Vós me sustentais; desde o seio materno sois o meu protetor”. Por isso, certos de que Ele está sempre connosco, vamos dizer-Lhe como Cláudio Poullart des Places: “Estou decidido a seguir o caminho que me indicares”!
