Caros amigos, a primavera chegou e o clima parece nos sorrir ainda mais, pois o sol desponta vigoroso ajudando a construir os belos jardins floridos. Os jardins perderam um pouco o vigor durante o inverno, mas eis que renascem com toda a força e alegria em plena primavera. Este ar primaveril é-me inspirado pelas sábias palavras do Papa Francisco que nos diz: “Se perdeste o vigor interior, os sonhos, o entusiasmo, a esperança e a generosidade, diante de ti está Jesus, como parou diante do filho morto da viúva, e o Senhor, com todo o seu poder de Ressuscitado, exorta-te: “Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!”.» «Através de vós, entra o futuro no mundo… Continuai a vencer a apatia (…), sede construtores do futuro, trabalhai por um mundo melhor (…). Não olheis da sacada a vida, mergulhai nela, como fez Jesus (…); lutai pelo bem comum, sede servidores dos pobres, sede protagonistas da revolução da caridade e do serviço, capazes de resistir às patologias do individualismo consumista e superficial.” (Papa Francisco, Christus vivit, 20.174)
Desde muito novos, somos todos interpelados sobre o rumo que daremos á nossa vida: “o queres ser quando fores grande?”. O tempo e o amadurecimento vai aos poucos forçando-nos a fazer escolhas, a irmos definindo quem pretendemos ser. Como o jardim em pleno inverno, como que estamos adormecidos, mas basta uns pequenos raios de luz, o seu Evangelho, para nos animar e despontarmos com toda a alegria e vigor. Toda a pessoa constrói-se a si mesma através das suas escolhas. Cada um vai ficando com a cara do caminho que decidir percorrer.
Jesus: o Construtor!
O peso da decisão recaiu sobre os ombros de Jesus de Nazaré, que, sendo Filho de Deus, trazia no seu peito um coração inteiramente humano. O Evangelho relata-nos que Jesus, levado pelo Espírito Santo foi guiado até ao deserto e tentado pelo diabo a abandonar o Caminho que seu Pai havía aberto para ele: o de “anunciar a Boa Notícia aos pobres” (Lc. 4,18). Foram colocados diante dele os caminhos da comodidade, do poder e da vaidade. Diante dessas propostas tentadoras de conforto e acomodação, Jesus mostrou a sua força, decidindo não aceitar os caminhos prontos do mundo.
Jovem, só poderás tornar-te construtor do futuro quando tu mesmo decidires ser senhor do teu próprio caminho. Ninguém melhor que Jesus Cristo encarnou essa grande verdade: Ele foi bastante ousado para rejeitar a apatia do caminho e embrenhou-se pela trilha principal que fora sugerida pelo Espírito Santo. Em vez de ir ao encontro do poder e da riqueza material, procurou o serviço aos mais pobres, em vez de optar pela vaidade, escolheu a discrição, em vez da comodidade, abraçou a cruz. Jesus tem autoridade para ser o Senhor de todas as nossas histórias, porque foi senhor da sua própria história; porque foi e é o grande construtor.
Optar por ser como Jesus é optar por ser livre, no pleno sentido que a liberdade possa ter. Quem escolhe renunciar aos atalhos da vida, a deixar a sacada, automaticamente se embrenha a construir o belo jardim do futuro em que uma nova civilização é possível.
Caro amigo e amiga que me estás a ler, é árduo escolher construir o futuro, é duro ainda trilhá-lo, mas ainda mais duro é perseverar nele. Mas tenham confiança, pois o próprio Senhor prometeu-nos que nunca nos deixaria sós: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt. 28,20).
Quase ao terminar estas pequenas linhas de reflexão, permitam-me povocar-vos uma vez mais, escrevendo uma frase que sempre escuto a quem faz peregrinações, mas que não recordo o autor da mesma: “É melhor morrer peregrino do que nunca sair em busca do ideal”.
Deixemos, então, como nos diz o Papa Francisco, o nosso sofá e as cómodas pantufas e coloquemos uns bons sapatos para fazermos uma grande e bela construção, sendo os grandes protagonistas da nova civilização do amor.