12º Domingo do Tempo Comum
A reflexão de S. Paulo sobre o Batismo veio enriquecer muito a nossa teologia batismal. Com efeito, ao ‘nascer de novo’ (de S. João) e ao ‘banho de purificação’ (de S. Pedro), Paulo veio acrescentar o ‘revestir-se de Cristo’: “todos vós que fostes batizados em Cristo, fostes revestidos de Cristo”. E não se trata de mero revestimento exterior, como acontece com as peças de vestuário com que nos cobrimos: trata-se de verdadeira identificação com Cristo, a ponto de o Apóstolo exclamar: “já não sou eu que vivo – é Cristo que vive em mim”!
É a partir desta identificação com Cristo – “todos vós sois um só em e com Cristo Jesus” – que se compreende a exigência de Cristo: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me”. Não sendo o discípulo mais que o seu Mestre, o seu caminho não pode ser diferente do apontado e seguido por ele.
Como era importante que todos nós aprofundássemos esta consciência batismal, para procurarmos viver esta identificação com Cristo e também nós podermos dizer: quem me vê, vê Cristo!
E como importante era que a nossa pastoral batismal apontasse para este ‘revestir-se de Cristo’, para não ficarmos apenas por uma cerimónia bonita, seguida de uma boa jantarada. Só desta forma ajudaríamos todos os envolvidos na celebração batismal (pais, padrinhos e a própria comunidade cristã) a compreender que as exigências de preparação e de coerência de vida são condição indispensável para que esta “identificação com Cristo”, este tornar-se “discípulo de Cristo”, não fiquem lá longe, tão nas profundezas que dificilmente conseguirá vencer a crosta resistente da festa, da tradição, do ‘socialmente correto’!
Com efeito, reduzir as exigências do ser cristão a um mero conjunto de orações e de práticas religiosas, nada interferindo com a vida de todos os dias, é não chegar a ser confrontado com a pergunta fundamental “quem sou Eu para vós?”; e não entrar na loucura da cruz como o único caminho que nos leva às fontes da vida.
E não esqueçamos que “respostas já confecionadas e congeladas nos hábitos de uma fé acomodada contrastam com a resposta existencial, que vem da profundidade do coração”. E, para Cristo, só conta uma resposta vinda “da profundidade do coração”, onde o Batismo se tornou essa “nascente” não só para “lavar o pecado e a impureza” de todos os homens, que já o profeta Zacarias ‘viu’ jorrar do coração de Cristo trespassado pela lança do soldado, mas também para fecundar o coração de cada um de nós, onde a planta do discipulado deve nascer e crescer!
Este ano missionário é oportunidade a não ser desperdiçada por ninguém, para que a nossa fé se torne fé de verdadeiro discípulo e se concretize também em nós o lema para ele escolhido: “batizados e enviados”.