É a nossa, tem que ser a nossa! A Mãe Terra está a gritar por socorro, mas quem vai pagar a factura dos atentados ecológicos somos nós, as gerações que hoje vivem sobre a face da Terra. E muitos de nós, cidadãos deste mundo, continuamos a dormir, a olhar para o lado como se nada se passasse, ou pior, como se nada fosse connosco!
António Guterres, Secretário Geral da ONU, convocou o mundo inteiro para uma reflexão e partilha em Nova Iorque, de 23 a 27 de Setembro, a Cimeira da Acção Climática. O papa Francisco fez-se representar pelo seu secretário de Estado, o Cardeal Parolin, que viajou de Roma para Nova Iorque no mesmo avião que eu. E, no bolso do Cardeal ia uma mensagem forte ao mundo inteiro sobre a vontade política que os governantes têm de ter para tomar medidas urgentes (e talvez radicais) para defender o ambiente. Diz o Papa: ‘É necessário questionar se há verdadeira vontade política para destinar maiores recursos humanos, financeiros e tecnológicos para mitigar os efeitos da mudança climática e ajudar as populações mais pobres e vulneráveis, as que mais sofrem’. Para ele, as alterações climáticas são um dos mais sérios e preocupantes fenómenos, a que urge responder com sabedoria e coragem e prontidão, sem demagogias.
O mundo podia estar bem melhor se os Acordos de Paris, assinados em 2015, tivessem sido tomados a sério por todos. Mas não, pois alguns lideres políticos desprezaram-no. Há ainda algum tempo para recuperar o perdido, mas a janela da oportunidade pode fechar-se se não se agir com rapidez e eficácia – adverte o Papa, para quem este compromisso ecológico integral se resume em três valores: ‘honestidade, coragem e responsabilidade’. Estas palavras-chave têm de estar sempre no ‘coração’ dos trabalhos na ONU.
Esta Cimeira teve uma sessão de abertura original, pois foi protagonizada e dedicada à Juventude. António Guterres quis ser um ouvinte muito atento (o ‘ouvinte principal’) das perspectivas ecológicas que os jovens levaram a Nova Iorque e concluiu que o mundo precisa de um novo modelo de desenvolvimento. Esta ideia é muito cara ao papa Francisco que não se cansa de repetir que a Encíclica ‘Laudato si’ não é ‘uma encíclica ecológica, mas social, e promove um novo modelo de desenvolvimento humano integral’. Por isso se entende que jovens católicos do mundo inteiro se tenham associado às manifestações pelo clima, de 20 a 27 de Setembro, iniciativa da chamada ‘Geração Laudato Si’. Foram milhões os que se manifestaram em protesto climático mundial e diversos líderes (incluindo o Presidente da República de Portugal) querem que 2019 seja o ano da ambição climática. Esperamos que façam algo por esta causa!
António Guterres recordou que o conflito com a natureza ‘pode ser absolutamente destrutivo para o futuro das nossas comunidades e das nossas sociedades’ e que é importante avançar para uma ‘estratégia de duplo ganho’, combinando correctamente uma globalização justa com a acção climática. O Secretário-Geral da ONU disse confiar numa geração de jovens que quer mudar a relação das pessoas com a natureza, combatendo as alterações climáticas. E foi cáustico para com muitos políticos que, segundo ele, falam demasiado mas ouvem muito pouco!
A ‘Geração Laudato Si’ é a nossa! Temos que aceitar o corajoso desafio de amar os pobres e respeitar a Natureza. Sem esta mudança de estilo de vida, a vida sobre a face da terra não tem futuro. Senhores deste mundo, há que mudar, e com urgência!