5º Domingo da Páscoa
A Palavra de Deus tem recorrido a imagens, tiradas da vida real, para nos mostrar o lugar central e imprescindível que Cristo tem de ocupar na vida dos cristãos: com a pedra angular, incutia-nos que, sem Cristo, a construção da nossa vida não adquire solidez, nem segurança; através da alegoria do ‘bom Pastor’, Cristo era-nos apresentado como aquele que devemos seguir, numa docilidade confiante, para trilharmos caminhos seguros; hoje é pela videira que o Senhor nos mostra como é indispensável a união profunda e vital a Cristo, para podermos produzir frutos, bons e abundantes.
De facto, o cristão não se pode atolar no lamaçal do egoísmo e do comodismo, nem enredar nos liames da mediocridade, da superficialidade e da indiferença, que pululam nas águas costeiras da cultura hodierna, mas tem de navegar no alto mar do testemunho, do compromisso e da generosidade.
Que uvas poderão ser colhidas na vinha da nossa vida, eis a questão à qual importa dar resposta. É que, como diz S. João, acreditar em Cristo é guardar os seus mandamentos, é amarmo-nos uns aos outros.
Foi o que começou a fazer Paulo, uma vez convertido e integrado na comunidade dos crentes, a ponto de poder afirmar: “já não sou eu que vivo – é Cristo que vive em mim”! Pode-se dizer que este Paulo que agora regressa a Tarso não é o mesmo que, tempos atrás, daqui tinha arrancado em direção a Damasco para fazer prisioneiros a quantos seguissem o “novo caminho”: o seu furor – ‘respirando violência’, diz o texto – deu lugar a uma indomável paixão pelo nome de Jesus.
“A glória de meu Pai é que deis muito fruto”, diz Jesus. E também não é de cristãos falhados e falidos que o nosso mundo precisa! Que temos feito da seiva abundante que, da Ressurreição de Cristo, escorre para as nossas vidas? Será que, também a nós, se poderá aplicar o aforismo “muita parra e pouca uva”? Convém também não esquecer que ramo nenhum escapa à intervenção do podador: a machadada final para os ramos murchos e secos; para os outros, a poda cuidadosa, a fim de que deem ainda mais fruto.
A ausência de frutos será muito mais sinal de morte do que efeito de grandíssima humildade. Deixemos que o Espírito Santo rebente a estreiteza do nosso coração e que nele germinem projetos à medida de Cristo Ressuscitado!