4º Domingo do tempo pascal
Ao seu jeito, o texto do livro do Apocalipse apresenta-nos as coordenadas do rebanho de Cristo: “multidão incontável, proveniente de todas as nações, tribos, povos e línguas”. Conduzir toda esta gente até ao sangue do Cordeiro, para que aí possa “lavar e branquear as suas túnicas”, é a tarefa dos colaboradores de Cristo, o único Bom Pastor.
Por isso, foi bem intencional a escolha do domingo do Bom Pastor para Dia Mundial de oração pelas Vocações! Aquilo que Barnabé e Paulo fizeram é o que hoje continua a ser necessário fazer-se, para que também as outras ovelhas, aquelas que ainda não pertencem ao redil de Cristo, ouçam a sua voz e engrossem o seu rebanho.
Mas, tudo começa por captar a voz do Bom Pastor. Para isso, é indispensável ser-se capaz de distinguir a sua voz, no meio da enorme vozeria com que somos constantemente bombardeados interior e exteriormente, o que só é possível se cultivarmos, pela oração, pelo silêncio e pela meditação, uma intimidade profunda com Ele.
Como nos recorda o papa Francisco, se “o desejo de Deus é que a nossa vida não se torne prisioneira do banal, não se deixe arrastar por inércia nos hábitos de todos os dias, nem permaneça inerte perante aquelas opções que lhe poderiam dar significado – pois o Senhor não quer que nos resignemos a viver o dia-a-dia, pensando que afinal de contas não há nada por que valha a pena comprometer-se apaixonadamente e apagando a inquietação interior de procurar novas rotas para a nossa navegação”- então o nosso maior empenho deve consistir em escutá-l’O.
“Se às vezes nos faz experimentar uma ‘pesca miraculosa’, é porque nos quer fazer descobrir que cada um de nós é chamado – de diferentes modos – para algo de grande, e que a vida não deve ficar presa nas redes do sem-sentido e daquilo que anestesia o coração.
Sendo assim, o chamamento do Senhor não é uma ingerência de Deus na nossa liberdade; não é uma ‘jaula’ ou um peso que nos é colocado às costas. Pelo contrário, é a iniciativa amorosa com que Deus vem ao nosso encontro e nos convida a entrar num grande projeto, do qual nos quer tornar participantes, apresentando-nos o horizonte dum mar mais amplo e duma pesca superabundante.
Em suma, a vocação é um convite a não ficar parado na praia com as redes na mão, mas seguir Jesus pelo caminho que Ele pensou para nós, para a nossa felicidade e para o bem daqueles que nos rodeiam”, emborao Papa não esconda que esta ‘promessa’ implica “a coragem de arriscar com Ele e por Ele”
E este apelo é dirigido a todos os cristãos. Na verdade, Cristo é o modelo de pastor que, na Igreja, todos aqueles e aquelas que, no seu seguimento, se dedicam à pastoral – desde os bispos, padres e diáconos a todos os leigos, seja qual for o seu compromisso – devem imitar. À semelhança de Cristo, também todos nós precisamos de cultivar atitudes de doação e de grande disponibilidade para os outros, para que eles se tornem também para nós mais importantes que o nosso relógio, a nossa agenda ou as nossas conveniências e os nossos mesquinhos interesses.