1º Domingo do Advento
Não é só a nível político, que se constata uma descrença e um pessimismo generalizados, frente à situação nacional e internacional! De facto, até os referenciais mais fundamentais, que garantiam a estabilidade da sociedade, aparecem nos tempos que correm com “pés de barro”, muitos deles arrasados pela avalanche do individualismo, da satisfação imediata, do “tanto faz”, do “tudo é permitido” ou de uma indiferença galopante, para a qual o papa Francisco repetidamente nos vem alertando.
Perante esta descredibilização generalizada das instituições (políticas, judiciais e económicas), é urgente quem viva, testemunhe e fale da ESPERANÇA. Não de uma esperança fatalista ou sonhadora, segundo a qual tudo acontecerá por mero acaso ou por encanto, mas da esperança cristã, assente na encarnação e ressurreição de Cristo, que nos leva a remar contra a corrente e nos torna capazes de demonstrar que é possível transformar as espadas em tratores e as lanças em instrumentos de produção!
É para isso que o Senhor convida cada um e cada uma de nós a viver este Advento, não apenas preocupados com a festa social do Natal e as prendas, mas empenhados em tornar mais firme e mais forte a nossa esperança, pela celebração do mistério do nascimento de Cristo como garantia de que Ele, que já veio, está a vir constantemente para consumar a sua obra e que virá, no fim dos tempos, como Rei e Senhor do Universo.
Os convites de Cristo – “vigiai” e “estai preparados” – não têm, por isso, apenas a ver com o natal superficial e consumista das prendas, mas destinam-se a fazer dos cristãos homens e mulheres de esperança, capazes de restituir ao nosso mundo a luz do verdadeiro Natal, daquele Menino que pode reconduzir os homens aos caminhos da paz, da solidariedade e da fraternidade, em que a guerra já não tem lugar e as armas de destruição até estorvam!
É este “o tempo em que estamos”, é este o nosso tempo! Por isso, seria bom que não só nos desejemos mutuamente um santo Advento, mas, agarrando o bastão de caminheiros e pondo-nos decididamente a caminho ao encontro d’Aquele que veio montar a sua tenda no acampamento dos homens, trilhemos caminhos novos, isto é, “andemos dignamente, como em pleno dia, evitando comezainas e excessos de bebidas, devassidões e libertinagens, discórdias e ciúmes”, anunciando assim o tempo novo da salvação!
Por isso, seja esta a nossa prece durante este Advento: “VEM, SENHOR JESUS!”