O aproximar da reta final do ano traz consigo planos e desejos para o tempo que se avizinha. É em 2019 que vamos finalmente concretizar todos os projetos que o tempo nos roubou ao longo dos anos repetidas vezes. Maldizemo-lo, é claro, culpando esse ditador execrável. O tempo, digo. É nesta altura também que, sentados perto da árvore de Natal e do presépio, sentimos a paz à nossa volta. Que ela nos faz acreditar, ter esperança num mundo melhor. Olhamo-nos ao espelho com mais boa vontade, abertos àquilo que o dia nos pode trazer.
É ao olhar para a família reunida e para os amigos que se visitam que compreendemos que tudo é um momento, curto e efémero, que apenas nos permite saborear ao de leve o Reino dos Céus. E que tudo o que podemos fazer é viver sem rodeios, escolhendo em todos os momentos o caminho que nos permite amar mais e ser melhor.
O desejo de ser criança mais não é do que a necessidade de nos tornarmos seres empáticos, curiosos, audazes perante o Dom da Vida.
É por tudo isso que em 2019 só podemos querer voltar a ser crianças. Não para ter todos os brinquedos dos catálogos das lojas ou para poder estar no ipad sem que nos incomodem. Vamos querer, isso sim, voltar aos dias longos, à impaciência pelo tempo que não passa, ao ‘já sou crescido’, ao olhar de quem vê pela primeira vez. Vamos querer ter sempre cinco anos e dois palmos de altura, poder fazer todas as perguntas, encantarmo-nos e inquietarmo-nos com as respostas que nos dão. E bater o pé quando acharmos que a vida não é nada daquilo que esperávamos.
Ser criança em 2019 é mais difícil quando o cartão de cidadão nos diz que somos para todos os que nos rodeiam adultos capazes de tomar decisões. Mas isso às vezes não é assim tão linear, pois não?
O desejo de ser criança pode, à primeira vista, parecer uma fuga da realidade à moda do Peter Pan, mas mais não é do que a necessidade de nos tornarmos seres empáticos, curiosos, audazes perante o Dom da Vida, sagrado e insubstituível, que nos esquecemos de cuidar e que deixamos tantas vezes estagnar, ameçados com uma espada que dá pelo nome de Voracidade dos Dias.
E nos dias maus vamos esperar pela história contada por Deus sobre a Sua criação, pelo embalo do Pai que cuida, pelo bilhete ou sinal a lembrar-nos que somos amados, na certeza de que tudo o que não resultou hoje pode ser infinitamente bom amanhã!