Pela primeira vez história da Igreja, o Papa, ao convocar uma assembleia do Sínodo dos Bispos, convocou um encontro prévio. Desta vez não com os padres sinodais, nem com especialistas amadurecidos, mas com os jovens, dado o tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional».
Do nosso país participaram três jovens, sendo uma a representante da Pastoral Juvenil em Portugal, e os outros dois representantes de movimentos eclesiais a nível mundial, a saber: o Secretariado Internacional das Equipas de Jovens de Nossa Senhora e a Conferência Internacional Católica do Escutismo, que tive a honra de representar.
Na abertura, 300 jovens encontraram-se frente-a-frente com o Papa. Pediu-se uma reflexão franca sobre as realidades e as questões que preocupam os jovens, e um diálogo “sem filtros” inter-pares e com a hierarquia. Dialogando e trabalhando em pequenos grupos de diferentes idiomas, podemos rever e responder uma a uma as 15 questões colocadas acerca da temática enunciada. Cada um representou o melhor que conseguiu a sua realidade diocesana e nacional ou apresentou as práticas do carisma e do movimento que representa.
Tendo a honra de ser um dos participantes, aprendi muito sobre as realidades diversas que vão desde a América do Norte à Nigéria, do Iraque à Eslovénia. Os assuntos elencados foram vários, como a vivência dos jovens na sociedade de hoje, como vêm a Igreja, o que esperam dela, como se relacionam com a tecnologia, com o trabalho, com as escolhas. Marcou-me em particular o espírito de sinodalidade vivido e rezado, e ficou o desejo de que se voltasse a repetir, não apenas a nível global, mas também local. Os jovens querem ser envolvidos nas decisões tomadas em Igreja e em sociedade. Para que estejam preparados, sentem necessidade de um digno e competente acompanhamento, através do qual possam ouvir e ser ouvidos nas suas dúvidas e encruzilhadas.
Coube-me a responsabilidade de falar do modo como o escutismo católico acompanha os jovens, como os educa de um modo não formal, na natureza, habituando-os a amarem-se e respeitarem-se uns aos outros. Fiquei feliz ao ver que o movimento escutista é bastante reconhecido e respeitado dentro das diversas realidades eclesiais.
Recomendo a todos a leitura do documento final desta reunião pré-sinodal que para além de ser informativo se viu reflectido no Instrumentum Laboris que agora os bispos têm em mãos. Acompanhemos, com o nosso interesse e a oração, os passos que a Igreja dá em cada tempo.
Rui Teixeira
Participante no pré-Sinodo dos Jovens
Publicação conjunta MissãoPress