Encontro europeu JPIC em Bruxelas
De 19 a 22 de outubro os delegados espiritanos de JPIC (Justiça e Paz e Integridade da Criação) das várias circunscrições da Europa reuniram-se na Bélgica, para um tempo de partilha, formação e compromisso.
Sendo o encontro na casa espiritana de Gentinnes, onde está o memorial aos mártires do Kongolo (Congo Kinshasa), aí começamos por fazer uma visita onde rendemos homenagem aos 20 missionários espiritanos assassinados a 1 de janeiro de 1962 e que entraram nos Anais da Congregação como mártires da Justiça e da Paz.
O tema de fundo do nosso encontro foi o dos refugiados. Feita a partilha do trabalho que cada circunscrição desenvolve nesta área, recebemos o diretor do Serviço Jesuíta para os Refugiados (JRS) na Europa, Dr. José Inácio García que nos falou sobre as dificuldades na ‘recolocação’ dos refugiados que se encontram no sul de Itália e da Grécia. Visto que as autoridades oficiais são lentas para “libertar” os refugiados dos campos de detenção e os ‘recolocar’ noutros países do espaço europeu, os refugiados acabam por não resistir e outros esquemas de tráfico paralelo surgem. Desesperados de tanto esperar, os imigrantes saem dos centros de detenção por sua conta e risco, mas sem um registo devidamente autorizado. Ou seja, muitos ficam no espaço europeu sem documento válido de residência: indocumentados.
Dr. José Inácio García falou-nos também dos desafios da interculturalidade e da dificuldade em definirmos o que é estar integrado. Estar integrado varia de cultura para cultura, de país para país. Na sociedade de acolhimento de Portugal, por exemplo, poderemos afirmar que o imigrante está integrado desde que tenha o seu emprego e autonomia. Mas em França estar integrado, significa sobretudo ser cidadão; isso pode-se verificar pela participação dos jovens e crianças na escola, pela participação cívica dos adultos (e desde que estejam devidamente documentados).
Contudo, defendeu Inácio García, a interculturalidade acontece quando duas ou mais culturas entram em interacção de uma forma horizontal e sinérgica, em que todos estão abertos para aprender do outro e ensinar do que é seu. Ter ou não ter documento de identificação poderá ser um critério imposto pela sociedade de acolhimento.
Os imigrantes ou refugiados indocumentados no espaço europeu ascendem a muitas centenas de milhares. A casa espiritana de Gentinnes acolheu alguns refugiados indocumentados.
Em Bruxelas está sediada uma organização não governamental (ONG) que labuta pela defesa dos direitos dos indocumentados: PICUM, Platform for International Cooperation on Undocumented Migrants. Este é também um bocadinho do trabalho desenvolvido no CEPAC (Centro Padre Alves Correia) na casa espiritana em Lisboa.
Ir. Manuel Carmo