3º Domingo do Advento
À semelhança do que acontece na Quaresma, também um domingo do Advento é particularmente consagrado à alegria. De facto, são insistentes nos textos de hoje os convites à alegria, embora não possa haver esperança autêntica que não seja alegre, jubilosa e testemunhante.
Por outro lado, tempo aparentemente mais alegre que este do Natal não há! São as iluminações nas lojas e ruas; são as músicas melodiosas da quadra natalícia; é o redemoinho apressado das compras e ornamentações. Numa palavra: uma enorme agitação, mas a que pode faltar o essencial para ser verdadeira alegria: as razões de esperança, que só nos podem vir do Menino do presépio!
Na verdade, não são as prendas, por mais numerosas ou valiosas que sejam; não são os cartões de boas festas, por mais fantásticos que sejam; não são, tampouco, os encontros – necessariamente fugazes – dos familiares, que podem preencher o vazio do presépio, e que a nossa cultura consumista em vão pretende preencher de mil e uma maneiras.
Todas estas esperanças são vazias ou vãs, porque lhes falta a força da ‘presença’. De facto, como dizia Bento XVI, o nosso Advento é presença e espera. A certeza de que o Salvador já está no meio de nós é condição indispensável para, no meio do pessimismo e descrença provocados pela presente situação mundial, conseguirmos divisar o sol que se mantém para além das densas nuvens negras que toldam o nosso horizonte. Só daqui pode resultar uma serenidade empenhada em continuar a apressar a “vinda gloriosa de Cristo, nosso Salvador”, endireitando os caminhos da nossa vida, numa palavra, deixando-nos guiar pelo espírito do Senhor.
Por sua vez, o evangelho de hoje confronta-nos com o comportamento ‘estranho’ de João, o Batista: ele não alimenta ambiguidades – que até lhe eram favoráveis -; não esconde a verdade e apresenta-se na sua real condição de simples testemunha: “vim para dar testemunho da luz”, “importa que Ele cresça e que eu diminua”.
“No meio de vós está quem vós desconheceis”. Não se passará o mesmo nos nossos dias, não só com os outros, mas connosco próprios, por mais cristãos que nos digamos e sintamos? Não estará também vazio o nosso presépio, até já tantas vezes substituído por uma árvore ou pelo ‘pai natal’?