A esperança dá asas para continuar em frente mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis. Quem o garante é o papa Francisco na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz. Mas diz mais coisas que é bom tomar a sério para que 2020 seja melhor: ‘Há nações inteiras que não conseguem libertar-se das cadeias da corrupção que alimentam ódios e violências’. E o drama é que as violências instaladas, frutos da perversão das relações humanas, abatem os projectos de fraternidade. Temos que combater com unhas e dentes a desconfiança e o medo que aumentam a fragilidade das relações e o risco de violência.
Há muitos compromissos pela paz e pela justiça, gente que trabalha paciente e corajosamente, apostada num diálogo sem exclusões, manipulações, abusos de poder ou atentados ecológicos.
A Igreja propõe sempre o caminho do perdão e da reconciliação para romper a espiral da vingança e empreender o caminho da esperança. Diz o Papa: ‘aprender a viver no perdão aumenta a nossa capacidade de nos tornarmos mulheres e homens de paz’.
E claro, há que converter a economia e o coração. É urgente abandonar sistemas económicos que matam os mais frágeis, cavando um fosso cada vez mais profundo entre ricos e pobres. É necessária uma conversão ecológica integral que nos leve a amar os pobres e a respeitar a mãe natureza. Daí que o Papa regresse ao Sínodo sobre a Amazónia para lançar um apelo a favor duma ‘relação pacífica entre as comunidades e a terra, entre o presente e a memória, entre as experiências e a esperança’. Esta conversão ecológica –diz o Papa – deve ‘ser entendida de maneira integral, como uma transformação das relações que mantemos com as nossas irmãs e irmãos, com outros seres vivos, com a criação na sua riquíssima variedade, com o Criador que é origem de toda a vida’.
Por isso, parece claro que ‘a cultura do encontro entre irmãos e irmãs rompe com a cultura da ameaça’, fazendo de nós – com a força do Espírito Santo – ‘artesãos de justiça e paz’.
Há ainda duas outras ideias-chave que a mensagem do Papa reforça. Francisco lembra-nos que ‘o caminho da reconciliação requer paciência e confiança’. E, finalmente, há que dar um lugar especial à nossa Fé: ‘devemos procurar uma fraternidade real, baseada na origem comum de Deus e vivida no diálogo e na confiança mútua’.
Se assim fizermos, a Paz deixa de ser miragem e o medo não será mais a razão de ser das nossa decisões e atitudes. Ali ganhará vez e voz o profeta Isaías que nos convidará a ir até à sede da ONU em Nova Iorque para ler o que está escrito: ‘Das espadas farão relhas de arados e das lanças forjarão foices’. É para aí que o mundo tem de caminhar.
Que 2020 seja um ano de justiça, paz, diálogo, alegria e fraternidade.