6º Domingo da Páscoa
Com relativa frequência se ouve dizer que ser cristão hoje é remar ou nadar contra a corrente. E todos compreendemos facilmente que isso não é fácil, pois exige redobrado esforço e requer muita perseverança. Vem isto a propósito do texto da segunda leitura deste domingo, no qual S. Pedro nos convida a estarmos sempre “prontos a responder, a quem quer que seja, sobre a razão da nossa esperança, com brandura e respeito”.
Mas os outros só repararão em nós se, de facto, formos diferentes, se eles estranharem os nossos comportamentos, as nossas escolhas, as nossas atitudes. E esta diferença não pode ser apenas resultado de uma bizarria, de um capricho ou de um camuflado desejo de protagonismo, mas, bem pelo contrário, de uma esperança forte e esclarecida, que nos leve a arrostar com o preço da diferença, numa lógica de fidelidade a uma fé profunda.
É disso mesmo que nos fala S. Pedro, apontando-nos como meio indispensável a veneração de Cristo Senhor em nossos corações e não apenas na igreja ou capela e só enquanto lá nos encontramos. Com efeito, só n’Ele e com Ele seremos capazes de manter firme o rumo do nosso peregrinar, mesmo que sejamos cada vez em menor número e por mais forte que seja a corrente que nos arrasta em sentido contrário. Na verdade, “Cristo morreu, uma só vez, segundo a carne, mas voltou à vida Pelo Espírito”.
Foi precisamente para isso que Pedro e João desceram até à Samaria e impuseram as mãos àqueles cristãos, que “só estavam batizados em nome do Senhor Jesus”. Faltava-lhes ainda a força do Espírito Santo, o “outro Paráclito”, “o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber”. Vale a pena, por isso, perguntarmo-nos que lugar ocupa o Espírito Santo nas nossas vidas e opções e em que medida é que somos mesmo diferentes das outras pessoas.
A proximidade da festa do Pentecostes é ocasião a não desperdiçar para reavivarmos o dom do Espírito Santo, recebido pela imposição das mãos, para que se fortaleça a nossa esperança e sejamos capazes de integrar os jovens crismados neste caminho de um cristianismo adulto, consciente e alegremente assumido, mesmo que ele nos coloque ‘desalinhados’ deste mundo e em contracorrente!