31º Domingo do Tempo Comum
É o episódio de Zaqueu que, neste domingo, concentra a nossa atenção. Na verdade, só Jesus reparou naquele homenzinho, empoleirado numa árvore no meio da garotada lá da terra. E se mais alguém o viu, nem um sorriso irónico lhe mereceu tão estranho comportamento, dado que se tratava de alguém conhecido pela sua profissão de chefe de cobradores de impostos e, por isso mesmo, desprezado.
A consoladora mensagem deste episódio dá-nos a certeza de que, por mais insignificantes ou, até, desprezíveis que nos sintamos, Jesus não apenas não desvia de nós o seu olhar, como, pelo contrário, procura cruzar o seu olhar com o nosso para nos dizer: “é em tua casa que eu quero hospedar-me”! E, quando isso acontecer, até nós desceremos mais depressa que Zaqueu e abriremos o nosso coração e a nossa vida a outros valores e a outros horizontes! Foi assim com Zaqueu; foi assim com Pedro, na noite da traição; foi assim com a mulher adúltera; foi assim com a Samaritana.
Vale a pena, por isso, perguntarmo-nos que teria de especial o olhar de Jesus? A meu ver, aquela combinação misteriosa de realismo e censura, mas envolta numa nuvem imensa de ternura, de compaixão e de encorajamento, que nos restitui à nossa originalidade, à nossa capacidade de regeneração, que torna possível uma mudança de vida.
Será isso que o livro da Sabedoria nos quer dizer, quando afirma: “Porque tudo podeis, de todos vos compadeceis. Tudo poupais, porque amais a vida. Corrigis brandamente aqueles que caem e os avisais, fazendo-lhes ver em que pecam, para que se afastem do mal”?
Será esse olhar que nos falta, para darmos na vida o salto que vamos adiando? Porque teimamos em evitar o olhar de Jesus? Só esse olhar poderá purificar o nosso de toda a desconfiança e indiferença, de toda a inveja, de toda ambição possessiva e libidinosa, de toda a tentação de espionagem e de controlo de tudo e de todos. Só por este cruzar de olhares nos poderemos transformar em autênticos e intrépidos missionários!
Deixemos, então, que ele aconteça agora!