18º Domingo do Tempo Comum
Os textos que a Liturgia da Palavra nos oferece nesta fase bem quente do ano, estão bem adaptados a esta quadra, pois, apesar de curtos, são portadores de uma mensagem cheia de frescura refrescante, que é aquilo que mais procuramos nestes dias de maior canícula!
De facto, sabe bem escutarmos este convite do Senhor: “vinde à nascente das águas, todos vós que tendes sede!”; “porque gastais o vosso dinheiro naquilo que não alimenta” se, em Mim, podeis adquirir, “sem dinheiro e sem despesa, vinho e leite”? E S. Paulo, depois de se ter saciado nesta nascente de água fresca, que é o Senhor Jesus, exclama: “quem nos poderá separar do amor de Cristo?”. E ele próprio responde: nada, nem ninguém, nos poderá separar do amor que Deus tem por nós e que se manifestou em Cristo Jesus!
Como precisamos de saborear esta certeza, nestes tempos em que as dificuldades e complicações da vida provocam uma secura extrema! Só que esta ‘frescura’ não nos permite ficar descansadinhos e bem recostados a saborear os momentos de tranquilidade que ela nos proporciona, mas desinstala-nos e faz ecoar em cada um/a de nós, e de forma bem audível, a ordem de Cristo aos seus discípulos. “dai-lhes vós mesmos de comer”!
Bem merece a nossa atenção a atitude dos discípulos de Jesus nesta cena evangélica. É manifesta a sua preocupação pela situação daquelas pessoas e para ela alertam o próprio Cristo: “estamos num lugar deserto e a hora já vai adiantada. Manda embora toda esta gente”, para que ainda possam abastecer-se nas povoações mais próximas”. Mas, perante o desafio de Cristo – “dai-lhes vós mesmos de comer” – refugiam-se no pouco que têm: “que é isto para tanta gente?
E este é o desafio que Cristo continua a lançar-nos hoje perante os enormes problemas que também nós constatamos à nossa volta – e que esta situação de pandemia alarga e agrava – perante os quais somos tentados a refugiar-nos na nossa incapacidade: “que é isto para tanta gente”? Ainda, há dias, na apresentação do plano pastoral para o próximo ano, o (nosso) bispo de Vila Real apontava a atenção aos mais frágeis e a consolidação das nossas redes de solidariedade como objetivos prioritários
Mas foi com este “isto”, com este ‘pouco’ que o Senhor fartou toda aquela gente e ainda foram recolhidos doze cestos de sobras! Na verdade, as contas da generosidade e da partilha não se fazem com calculadora, mas com o coração!
Chegou, pois, a hora de aprendermos o gesto de partir e repartir que Jesus repete diante de nós e para nós em cada Eucaristia!
Por isso, não podemos sair desta Eucaristia sem a resolução de irmos ao encontro dos irmãos necessitados, por muito pouco que seja o pouco que temos! Se o fizermos, garantidamente que, também hoje e através de nós, a compaixão de Jesus continuará a repetir o milagre da multiplicação dos pães!