Dizem que é lenda, mas recordamos o acontecimento a cada 5 de Agosto. Foi o caso que em Roma, por meados do século IV, um casal cristão pediu inspiração a Nossa Senhora sobre a melhor forma de aplicar a sua fortuna. Nossa Senhora apareceu-lhes em sonho, na noite de 4 para 5 de Agosto, indicando-lhes que construíssem uma Igreja no monte Esquilino, no local onde havia neve. Neve, em Agosto? No dia seguinte, em plena canícula de Roma, a neve cobria parte da colina. Mensagem semelhante e na mesma ocasião tinha recebido o Papa Libério. A igreja foi contruída e mais tarde, após o Concilio de Éfeso, em que a Virgem Maria foi proclamada Mãe de Deus, essa primeira igreja foi ampliada para a imponente e atual basílica de Santa Maria Maior. A devoção a Nossa Senhora das Neves espalhou-se pelo mundo inteiro, embora atualmente a memória litúrgica desse dia refira “Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior”.
Se neva em Agosto, porque não há de o Verão visitar-nos às portas do Inverno? Permaneçamos no século IV, e vamos ao encontro de S. Martinho que nasceu em 316 em território da atual Hungria. Foi militar, recebeu o batismo em idade adulta, foi monge na Gália e outros locais, fundou o mais antigo mosteiro de França, em Ligugé, depois foi eleito bispo de Tours. Mas de S.Martinho de Tours venho apenas recordar o episódio conhecido e representado na iconografia: quando ele, ainda militar, atravessava os Alpes, nos rigores do Inverno, e viu um pobre cheio de frio. Com a espada cortou a sua capa ao meio, oferendo a metade ao pobre. Eis que o céu se abre e durante três dias fez um sol de Verão, coisa extraordinária que todos os anos se repete, para que todos olhem para o céu, e olhando se lembrem do santo, e lembrando-se o imitem na generosidade. Celebramos o santo a cada 11 de Novembro, e é por essa época, em pleno Outono, que ocorre o “Verão de S. Martinho”.
Com Santo António ou São Lourenço podíamos recordar outros exemplos de fenómenos meteorológicos extraordinários que a tradição religiosa anotou, tendo ou não fundamento histórico ou científico. Fenómenos que ainda não eram “Gritos da terra”, mas “Vozes do Céu”.
Neste mês de Setembro, o Papa propõe que rezemos “para que cada um de nós ouça com o coração o grito da Terra e das vítimas das catástrofes naturais e das alterações climáticas, comprometendo-nos pessoalmente a cuidar do mundo que habitamos.” Sim, rezemos e cuidemos. Mas rezemos também para ouvir as vozes do Céu, falem ou não com a ajuda da natureza.
Neste mês de Setembro, o Papa propõe que rezemos “para que cada um de nós ouça com o coração o grito da Terra e das vítimas das catástrofes naturais e das alterações climáticas, comprometendo-nos pessoalmente a cuidar do mundo que habitamos.” Sim, rezemos e cuidemos. Mas rezemos também para ouvir as vozes do Céu, falem ou não com a ajuda da natureza.
“Crónica” é uma rubrica mensal do jornal “Ação Missionária“, pelo P. Aristides Neiva