Nestes dias só se fala de uma coisa: o palco. A construção do palco, o orçamento do palco, o tamanho do palco, quem sabia do palco, quem vai pagar o palco…
Enfim, à conta deste palco montou-se um grande circo e houve muitas pessoas a dar-nos música. Não é fácil ser católico em Portugal por estes dias, mas não devemos perder o foco do “palco” que realmente importa. O “palco” mais importante foi montado há mais de 2000 anos, apenas com duas tábuas e uma inscrição: “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”.
Graças a esse palco o mundo pôde assistir à maior demonstração de amor alguma vez vista.
Pensemos então na nossa vida como se fosse o Rock in Rio. No Palco Mundo atua a cabeça de cartaz, Cristo, contudo um festival não tem só um palco ou só um artista. Temos de completar o cartaz do nosso festival com artistas que trazem reportórios vastos e interessantes, como a os nosso pais, que atuam no Palco Casa, os nossos companheiros de grupo, que atuam no Palco Paróquia, ou aquele sacerdote que orienta as coisas no Palco Vocação. Como ainda não somos omnipresentes como Deus Nosso Senhor, temos de ir gerindo o nosso tempo em cada palco para não perdermos nada. Um bom festivaleiro dança no Palco Mundo a ouvir o “Poeira”, dá um saltinho àquele palco recôndito onde só atuam bandas de indie-rock que ninguém conhece, vai ao palco do stand-up durante 20 minutinhos e por fim vai à tenda de música tecno para acabar a noite em grande. Mas sabem o que acontece no dia seguinte? Está acabadíssimo de cansaço e não levanta, a não ser que beba 15 cafés. A gestão do nosso tempo em cada palco é por isso algo crucial, muito delicado e extremamente pessoal. É essencial que não comparemos o nosso festival a outros. O Rock in Rio e o Vodafone Paredes de Coura são festivais completamente diferentes e não há problema nenhum nisso. Assim como o Rock in Rio de 2023 não há de ter nada a ver com o Rock in Rio de 2010, os tempos são diferentes, os gostos vão mudando e as cabeças de cartaz deixaram de ser as mesmas. Este é um processo que devemos abraçar com naturalidade e leveza.
Neste tempo da Quaresma, que é o tempo predileto para reflexão, pensemos bem no festival a que queremos ir, nos cabeças de cartaz e se realmente fazem sentido e sobretudo no tempo que passamos em cada palco.
Sê a Roberta Medina do teu “Rock in Rio”, assume as rédeas do teu festival e convida sempre a Ivete Sangalo e Deus para o palco principal.
Boa Quaresma!