No seu tempo, Jesus correu a Galileia a curar enfermos. Coxos, cegos, leprosos… O que todos têm em comum? Doenças físicas.
Hoje em dia o que fazemos quando partimos um pé por exemplo? Deslocamo-nos a um hospital e pedimos a Deus que tudo corra pelo melhor.
Naquele tempo, Jesus também curou epilepsia, possessões, deficiências. O que têm em comum? Doenças neurológicas, psicológicas e psiquiátricas.
E hoje em dia, se me sentir triste sem razão aparente, se tudo o que me apetece é estar só, até de mim mesmo, se os meus pensamentos me atraiçoarem? Não faço nada. Escondo os meus sentimentos e dores, esboço um sorriso forçado e finjo que está tudo bem, pelo menos até que me seja possível. Porquê? Tenho medo do julgamento, do preconceito, do outro e muitas vezes do meu próprio!
Sim, não vamos fingir que nós, sociedade, não julgamos quem tem doença mental, por medo, desconhecimento, preconceito. Está cientificamente comprovado!
A vitimização secundária é o fenómeno que vem comprovar isto mesmo. Pode apresentar-se de diversas maneiras: evitar a vítima, culpá-la pela situação em que se encontra, dizer que aquela doença é um castigo divino, o clássico insinuar que aquilo é só uma birra ou uma chamada de atenção, e outras.
Todos nós já tivemos este tipo de discurso mesmo que sem más intenções. Isto acontece graças à Crença num Mundo Justo, uma teoria que defende que a vitimização secundária é praticada por todos nós porque queremos continuar a acreditar num mundo onde reina a justiça.
Nunca se falou tanto de saúde mental. A ansiedade é a nova “pandemia” dos jovens, a depressão assola a vida de milhares, senão milhões de pessoas. A nossa sociedade civil está lentamente a abrir os olhos e a admitir que a saúde mental deve ser uma prioridade. Não está na altura de nós, Igreja, nos juntarmos, como um todo, a esta causa?
Um terapeuta ou um psicólogo não substituem um padre/guia espiritual e vice-versa. A doença física ou mental podem perturbar a vida espiritual e vice-versa. Terapia e oração não são rivais, devem ser complementares.
É verdade que não há nenhum versículo da Bíblia que diga: “Naquele tempo, ao passar pelo rio Jordão, Jesus acercou-se de certo homem e ao tocar-lhe exclamou: “Alegra-te! Eu te curo da tua depressão!”, mas Jesus salvou muitas doenças da alma. O nosso JC sempre foi muito à frente do seu tempo e acolheu todos os que estavam à margem da sociedade.
Temos de seguir o Mestre, de o imitar olhando pelos nossos irmãos que precisam de ajuda e que lutam contra doenças da alma, do coração e da cabeça.
Louco não é quem vai ao psicólogo, louco é quem não aceita a missão de cuidar destes irmãos que precisam de nós!