22º Domingo do Tempo Comum
Vivemos num tempo e numa cultura em que a indecisão impera. São os governantes e os políticos que prometem, mas não se comprometem; são as pessoas que se escudam no “toda a gente faz assim”; são os jovens que adiam para o mais tarde possível o compromisso matrimonial e familiar…. Até as novelas dispõem de vários finais, para acabarem de acordo com os gostos dos telespectadores! Numa palavra, é o cinzento da indefinição e do descompromisso que reina nos dias de hoje.
Mas a Palavra do Senhor deste Domingo não pactua com este reino da indefinição e do descompromisso. Pela boca de Josué, desafia-nos a tomarmos uma opção: por Deus ou sem Deus!
Mas é sobretudo no evangelho, na conclusão de uma catequese sobre a comunhão que vem sendo feita ao longo de vários domingos, que Cristo recusa prolongar essa indefinição e ‘obriga’ os Doze a definirem-se: “também vós quereis ir embora?”. Foi desta provocação de Cristo que resultou uma das mais belas profissões de fé: “para quem iremos nós, Senhor? Só Tu tens palavras de vida eterna”!
Receber, na comunhão, o Corpo de Cristo é fazer, por isso, uma escolha fundamental na nossa vida, que acarreta várias opções.
Ficar com Cristo implica, antes de mais, ser-se gente que toma decisões e procura permanecer responsavelmente coerente.
Ficar com Cristo implica, como Elias, não resignar-se na vida, mas aceitar caminhar ao longo de toda a existência até ao encontro com Deus.
Ficar com Cristo implica acompanhá-l’O até ao Calvário e à Ressurreição.
Ficar com Cristo implica passar de uma fé abstrata e descomprometida a uma fidelidade em todas as circunstâncias da vida.
Ficar com Cristo implica passar, de uma atitude de dominação ou de sujeição, a uma atitude de submissão amorosa, pronta e alegre, em que os direitos cedem a primazia aos deveres, em que o centro das minhas preocupações passa a ser o outro, seja ele quem for, particularmente o mais pobre, o mais fraco, o abandonado.
Ficar com Cristo implica gastar a vida ao serviço dos outros, na esteira de Cristo que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida”.
Comungar é exatamente tudo isto.
Só daqui a três anos esta catequese de repetirá. Não deixemos passar mais esta oportunidade para nos definirmos e decidirmos, como Pedro: “Só tu tens palavras de vida eterna. Senhor, dá-nos sempre desse pão”!