Assunção de Maria – 15 de Agosto
Nestes dias quentes, que têm assolado particularmente o sul da Europa e zonas do continente norte-americano, a ninguém é difícil evocar essas atmosferas cinzento-escuras e pesadas, provocadas pelos inúmeros incêndios que, por toda a parte e ano após ano, se repetem de forma quase fatídica: até o sol aparece enfraquecido, pálido e derrotado…
Pior ainda que essas atmosferas são as situações físicas, psicológicas ou morais que ensombram as nossas vidas, causadoras de descrença, de desânimo e, quantas vezes, de desespero, tornando o nosso coração e o nosso espírito mais pesados que o próprio chumbo… Que falta nos fazem, nessas alturas, o bálsamo de uma palavra amiga, uma réstia de luz e de esperança, que devolvam à nossa vida cor, alegria, otimismo e esperança!
Foi em contexto ainda mais pesado que Pio XII, em 1950, proclamando a assunção de Maria ao céu em alma e corpo, pretendeu devolver à Humanidade de então, derrotada por duas guerras mundiais, esmagada pelo horror do holocausto nazi e aterrorizada pelos efeitos nefastos de duas bombas atómicas, a luz da esperança: o nosso destino não é Auschwitz, nem Hiroshima, mas o Céu, envolvendo e enchendo todo o nosso ser – alma e corpo – à semelhança de Maria, “a mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça” ou “a Senhora mais brilhante que o sol”, no dizer dos nossos Pastorinhos de Fátima
Bento XVI, na sua encíclica “Deus é amor”, apresentou-nos Maria como a mulher da fé e da esperança e a mulher que ama, perfeitamente retratada no ‘Magnificat’, esse hino “inteiramente tecido com fios da Sagrada Escritura, com fios tirados da Palavra de Deus. Desta maneira se manifesta que Ela se sente verdadeiramente em casa na Palavra de Deus, dela sai e a ela volta com naturalidade”.
Assim perfeitamente identificada com o pensar e o querer de Deus, afirma o Papa, Maria “não pode ser senão uma mulher que ama”. E o Santo Padre evoca algumas das suas atitudes, bem expressivas da mulher que ama, tais como: os gestos silenciosos na infância de Jesus; a atuação discreta e delicada no casamento de Caná; a discípula fiel e atenta do Mestre, envolta em roupagens de anonimato; a sua presença firme na ‘hora’ do sofrimento – a ‘hora’ do Filho é também a ‘hora’ da Mãe; a disponibilidade completa e sem qualquer ressentimento para os apóstolos, após a ascensão do Ressuscitado.
Celebrar a Senhora da Assunção é, pois, decidir-se a trilhar os mesmos caminhos que Maria percorreu, para também nós nos tornarmos sinal de esperança para tantos irmãos, em cujas vidas o sol já ou ainda não brilha!