E que tal para variar, falarmos um pouco de novo coronavírus e outros Covid-19? Na verdade, já que centenas e milhares de especialistas falam no assunto diariamente na televisão e demais meios de informação, seria inútil e mesmo, sem fundamento nem legitimidade, tornar esta coluna em mais um espaço de debate entre quem acha que está tudo bem e quem considera que está tudo mal.
Então, não, não vamos falar da pandemia ou pelo menos… quase… não. Porquê? Porque estamos no espaço “Planeta Jovem” e que este acontecimento global é um desafio único para a juventude.
Vamos ao contexto. Temos um vírus que não discrimina, pode atingir todas e todos. Porém, a mortalidade concerne principalmente os mais idosos e/ou os mais frágeis de saúde, nomeadamente doentes crónicos. Temos um vírus que é sorrateiro, podemos ser portadores sem sintomas e assim infetar, sem nunca virmos a saber, os outros. Eis um resumo resumidamente resumido grosso modo.
Resultado: se sou jovem, a probabilidade de a coisa correr mal é pouca, e tudo indica que daqui a semanas, a vida volte ao normal…potencialmente com uma crise económica, uma crise social…mas sou jovem.
Poderei contar que também eu, conheci a guerra, nada de trincheiras, nada de atentados, nada de revoluções, uma guerra “caseira”, em que a relativa falta de perigo era compensada pela alta taxa de aborrecimento. Como em todas as guerras, houve um fim ou uma espécie de acalmia, uma reorganização geopolítica, medidas avulsas. Como após todas as guerras, há mudanças mas raramente reflexão profunda. Nunca as guerras foram uma verdadeira Páscoa para o mundo, vivemos a Paixão mas paramos à frente do Sepulcro e saímos, não chegamos a voltar… e averiguar se pode haver mais que o fim de uma agonia, se pode haver mais que a morte…uma nova vida.
O que é que nós jovens vamos aprender desta crise sanitária? O que vamos fazer para os mais os mais velhos, os mais pobres? Tem o seu lado irónico, vivemos um tempo em que podemos matar sem o desejar e no final quem matamos são os mais frágeis; e isto é muito parecido com a realidade de hoje mas sobretudo de ontem, o ontem sem Covid-19 mas com outras problemáticas – que ainda se mantêm.
O Papa Francisco insiste que os jovens são o “agora” e não apenas o amanhã… não sei se estaremos à altura da provocação, parece algo tão enorme, tão impossível… conseguiremos ser o agora de um mundo melhor?… Amanhã talvez…