24º Domingo do Tempo Comum
Tal como na cultura judaica, também no tesouro sapiencial de qualquer outro povo ou cultura se reconhece que o ódio é um sentimento que não apenas mata o outro, mas, qual cancro imparável, igualmente corrói aquele que lhe dá guarida no seu coração e o alimenta. Daí que a mesma sabedoria aponte o perdão como o caminho para todos: “perdoa a ofensa do teu próximo e, quando o pedires, as tuas ofensas serão perdoadas”; “lembra-te do teu fim e deixa de ter ódio; pensa na corrução e na morte, e guarda os mandamentos”.
Se, o domingo passado insistia na arte de perdoar, hoje a Palavra do Senhor fala-nos do perdão como o dom mais perfeito: ‘par-don’ (em francês), isto é, o dom por excelência, o dom perfeito, aquele que é concedido sem limites e sem condições. É por isso que Jesus nos fala do ‘perdão do coração’. Esse é que é o perdão por excelência, o dom perfeito.
Com efeito, há muitas formas de perdoar, e algumas delas nem perdão chegam a ser! Desde um “desta vez perdoo- -te, mas que não volte a repetir-se”, passando por “desaparece: nunca mais te quero ver pela frente”, até ao “acabou–se: não há mais perdão possível”, estamos perante máscaras do verdadeiro perdão. Com efeito, o perdão verdadeiro não humilha nem afasta, pelo contrário, aproxima e recria as pessoas e a relação!
É que o perdão ao jeito de Jesus não tem tanto a ver com o ofensor, mas com o ofendido: quem é mesmo bom perdoa, sem olhar a quem, sem esperar por pedidos de perdão, sem impor condições. Foi exatamente o que Ele fez quando estava a ser cravado na cruz: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”!
Como a nossa vida seria diferente a todos os níveis (familiar, profissional, social e internacional) se todos perdoássemos ao jeito de Jesus! E precisamos mesmo de fazer do perdão a moeda corrente da nossa vida, dado que a diferença de temperamentos e de mentalidades, as preocupações e complicações da vida, os problemas de saúde e as impaciências provocam constantes atropelos à delicadeza, à atenção e ao carinho com que sempre nos devíamos relacionar uns com os outros, particularmente os da nossa casa e comunidade.
Oração: Senhor Jesus, liberta-nos do ressentimento e do ódio; ensina-nos a perdoar como Tu perdoas, pois só o teu perdão recria e aproxima, gera alegria e amor, só ele é fonte de vida!