5º Domingo da Páscoa
Esta é uma afirmação consoladora e reconfortante, porque nos garante o direito à diferença, pois o Céu não é um imenso quartel ou acampamento, onde as tendas são todas iguais e todos estão fardados da mesma maneira e a rigor. É isso que Jesus, vencedor da morte, nos garante: foi preparar o lugar para cada um de nós!
Todavia, há uma série de características básicas comuns, tão indispensáveis como a originalidade de cada um, e que a Lumen Gentium expressa, quando este texto conciliar define a Igreja como povo sacerdotal, profético, real, escatológico e missionário. É para elas que nos apontam as leituras deste domingo, ao apresentarem a diaconia e a atenção aos mais frágeis, juntamente com o sacerdócio, como o distintivo daqueles que encontraram em Cristo o caminho certo e seguro para a Casa do Pai.
Com efeito, o texto dos Actos dos Apóstolos, apresenta-nos a comunidade apostólica como uma comunidade imperfeita, que reconhece os problemas com que se defronta, mas para eles procura uma solução consensual, depois de serem definidas as três dimensões estruturantes da comunidade cristã: liturgia (oração), anúncio (palavra) e caridade (serviço das mesas). Aos Apóstolos incumbem as duas primeiras. Para a dimensão da caridade, serão escolhidos elementos “de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria”, a quem eles “imporão as mãos”.
Encontrada a solução, tudo passa a decorrer com normalidade: “a palavra de Deus vai-se divulgando cada vez mais, o número dos discípulos aumentava consideravelmente, obedecia à fé também grande número de sacerdotes” e, certamente, também foram corrigidas as desigualdades no serviço dos necessitados.
Mas isto só é possível porque todos são habitados e animados pelo mesmo Espírito Santo, o único capaz de transformar as originalidades e diferenças em materiais para a construção deste edifício comum, que tem Cristo por “pedra angular”, Ele que é pedra de “tropeço e de escândalo” para aqueles que não acreditam na sua palavra, mas “pedra viva, escolhida e preciosa”, caminho e espelho de Deus Pai para quantos n’Ele acreditam.
A vivência do tempo pascal, mormente nesta segunda parte, toda ela voltada para a presença atuante do Espírito Santo, a isso se destina. Com efeito, é ao sopro do Espírito que a Igreja, agora com o Papa Francisco ao leme, se deve fazer ao longe e ao largo, para que Cristo se torne a única pedra angular a dar solidez e consistência a todo o edifício desta Humanidade que se vê fortemente abalada em muitos dos seus fundamentos por esta pandemia que a assola.