2º Domingo do Tempo Comum
Os textos deste 2º Domingo do Tempo Comum continuam a apresentar-nos a identidade de todo o cristão. Hoje é acentuada e aprofundada a dimensão missionária de toda a vida cristã.
Embora o ponto de partida seja a condição de ‘servo’, isto é, de cumpridor da vontade divina, Deus, pela boca de Isaías, diz-nos que é preciso ir mais além: “não basta que sejas meu servo… Vou fazer de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra”. Por isso, ‘vocação’ e ‘missão’ são dimensões inseparáveis para todo o cristão. É a consciência que S. Paulo manifesta ao apresentar-se perante os Coríntios como “escolhido por vontade de Deus para apóstolo de Jesus Cristo”.
A ‘missão’ arranca da consciência de escolhido: “Ele formou-me desde o seio materno, para fazer de mim o seu servo”. Esta eleição não faz com que o cristão seja melhor que os outros, nem sequer significa que somos os mais capazes, mas dá–nos a certeza que Deus capacita aqueles que escolhe. E, tal como em João Baptista, a exigência mais fundamental da missão é o testemunho: “eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus”.
De facto, se não virmos mais, se não virmos mais além e mais profundamente, que novidade é que poderemos anunciar aos nossos contemporâneos? Este é o grande desafio que as atuais circunstâncias nos lançam: seremos capazes de ver mais longe e mais profundamente, para alcançarmos o Sol que continua a brilhar, ou vemos e fazemos tanto e como os outros, ou, pior ainda, enterramos na areia o nosso olhar, para nem sequer vermos a realidade que nos rodeia e continuarmos instalados no sofá do nosso comodismo, da indiferença e do quietismo?
Convenhamos que, no meio de tanta trapalhada, de tanto oportunismo e tanta campanha insultuosa, não é fácil ser-se homem e mulher de esperança e, mais difícil ainda, ser-se anunciador e portador de esperança, mas, para sermos simplesmente como os outros também não fazemos falta – o nosso mundo não precisa de cristãs desses.
Mal iremos nós, se não aproveitarmos esta oportunidade de sermos ‘sal da terra’ e ‘luz do mundo’, de sermos mobilizadores da solidariedade e da esperança que restam no coração de cada homem e mulher! A nossa credibilidade está dependente das respostas que, juntos, fizermos surgir para ser ultrapassada a crise em que a Humanidade vai mergulhando neste tempo que é também o nosso!
O Caminho é voltarmo-nos para a Luz e sorrir!