3º domingo do tempo pascal
O texto evangélico deste domingo serve maravilhosamente não só para introduzir a semana de oração pelas vocações, que hoje se inicia, mas também para nos acompanhar ao longo dela na nossa reflexão, na nossa oração e na renovação do nosso compromisso.
Com efeito, na Igreja, para além das vocações específicas (vocação sacerdotal e vocação à vida consagrada), a condição comum a todos os cristãos é a de chamados, pois também a cada um e cada uma de nós Jesus diz: “Segue–me!” Na verdade, este texto, na sua versão completa, apresenta-nos um modelo de itinerário vocacional, sobre o qual vale a pena refletir.
Antes de mais, o texto apresenta-nos uma parte significativa do grupo apostólico a regressar à ocupação anterior à experiência com Jesus – a pesca – e com resultados bem desanimadores – “naquela noite não apanharam nada”. Realmente, sem Jesus, os horizontes da nossa vida – cheia de nadas – são bem limitados. Só quando a voz de Jesus, “ao romper da manhã”, chega até eles e seguem o seu conselho, é que a situação se transforma.
A partir daqui, cada um reage à sua maneira: João, intuitivo, descobre que é Jesus quem lhes falou; Pedro, de reação primária, atira-se imediatamente à água para chegar primeiro junto de Jesus. Segue-se a partilha da refeição, como símbolo do reencontro e da intimidade restabelecida. Depois disto, já é possível o convite pessoal, bem personalizado: “Pedro, filho de Simão.” E o diálogo incide não sobre a competência, sobre a preparação adequada, mas sobre o amor: “tu amas-me?”
Na verdade, só a resposta afirmativa a esta pergunta nos permitirá ultrapassar tanto o comodismo como uma prudência calculista, não dar ouvidos a conselhos e avisos ‘amigos’ sobre os demasiados riscos que podemos correr e que consideram uma ‘loucura’ ir por diante em causas e projetos que apenas nos garantem chatices, incómodos, incompreensões e críticas. De facto, é só o fogo incontrolável do amor que não nos permite ser ‘sensatos’!
Que ao fim desta semana, cada um de nós possa fazer suas as palavras e a resposta de Pedro: “Senhor, Tu sabes tudo: Tu sabes que Te amo!”
Que bonita reflexão! Que Deus esteja connosco.