Domingo de Ramos–
É sobretudo durante esta semana, conhecida por ‘Semana Santa’, que devemos fixar o nosso olhar “n’Aquele que trespassaram”.
De facto, a aprendizagem dos verdadeiros caminhos que levam à vida e à felicidade nunca estará acabada para cada um de nós. Resistimos – e com razão! – às situações de sofrimento, de morte, de humilhação. Só que, dada a situação em que se encontra a nossa condição humana – ferida e fragilizada – não há outro caminho para além daquele que Jesus percorreu.
Por isso, as leituras de hoje, para além da narração da Sua paixão, nos falam de Jesus como o “Servo de Javé” que, diariamente e em atitude de pronta disponibilidade, se põe à escuta do seu senhor, e nos é apresentado por S. Paulo como aquele que, tendo percorrido caminhos de fidelidade que O levaram até ao mais fundo dos abismos humanos, é exaltado por Deus e constituído Senhor, diante do qual se têm de dobrar todos os joelhos “no céu, na terra e nos abismos”.
S. Lucas, ao introduzir na narração da Paixão a discussão dos discípulos sobre qual deles seria o maior, vem acentuar a dificuldade que sentimos em ‘alinhar’ na opção e nos caminhos de Jesus.
Esta é mesmo a lição de aprendizagem mais complicada e difícil, o que levou João Paulo II a afirmar que “o sofrimento humano atingiu o seu vértice na paixão de Cristo; e, ao mesmo tempo, revestiu-se de uma dimensão completamente nova e entrou numa ordem nova: ele foi associado ao amor, àquele amor de que Cristo falava a Nicodemos, àquele amor que cria o bem, tirando-o mesmo do mal, tirando-o por meio do sofrimento, tal como o bem supremo da Redenção do mundo foi tirado da Cruz de Cristo e nela encontra perenemente o seu princípio. A Cruz de Cristo tornou-se uma fonte da qual brotam rios de água viva. Nela devemos também repropor-nos a pergunta sobre o sentido do sofrimento, e ler aí até ao fim a resposta a tal pergunta”.
Na verdade, mesmo que já saibamos a resposta, a pergunta permanece e ela convida-nos a durante esta semana fixarmos o nosso olhar em Cristo crucificado. Só assim, os muitos e diversificados caminhos de sofrimento e de morte que constantemente percorremos, se poderão transformar em caminhos de vida, em caminhos de ressurreição!