Solenidade da Epifania
A história dos Reis Magos, tal como no-la conta S. Mateus, tornou-se hoje inverosímil, própria apenas para crianças, mesmo que as suas figuras continuem a ser indispensáveis em qualquer presépio! De facto, quem é que hoje iniciaria semelhante aventura apenas atraído por um fenómeno astrológico, por mais espantoso que ele fosse?
Mas, a verdade é que, na prática, todos seguimos uma estrela. Desde a ‘estrelinha da sorte’ a qualquer outra estrela, a verdade é que o céu de qualquer existência não pode estar desprovido delas.
E estrelas ou, melhor, pseudo estrelas não faltam no firmamento contemporâneo: fama, riqueza, poder, prazer, luxo ou bem-estar. E não é menos verdade que não falta quem atrás delas corra, reduzindo os horizontes da sua vida às tentativas de, por qualquer preço e de qualquer modo, as alcançar!
Se muitos já abandonaram a estrela de (= que é) Cristo, do Cristianismo e da Igreja Católica, devemo-nos perguntar que estrela, na prática, seguimos nós, pois o dramático é que à saturação do religioso tradicional se juntou o ofuscamento dos cristãos, quantas vezes, eles também, mergulhados no oceano do comodismo e do consumismo, distinguindo-se apenas por umas práticas religiosas em momentos marcantes da vida: nascimento, casamento e funeral. Tornamo-nos, assim, a Jerusalém, adormecida e às escuras, que nem se tinha apercebido do que tinha acontecido ali ao lado e que, por isso, não encanta, nem encaminha! Não é de jerusaléns dessas que o mundo de hoje precisa, mas de cristãos que, com o seu exemplo e a sua palavra, reconduzam os nossos contemporâneos à gruta de Belém, à fonte da verdadeira alegria!
Seguir a Cristo leva necessariamente a abandonar os caminhos de um cristianismo medíocre, desenxabido, meramente formalista e, por isso, sem alegria, sem alma, sem garra e sem paixão, isto é, sem empenho transformador a todos os níveis (pessoal, familiar, social, missionário…). Como os Magos, precisamos de retomar outro caminho!
Deixemo-nos reconduzir à simplicidade e pobreza da gruta de Belém e ao Menino que lá continua a morar, pois só aí a nossa luz poderá recuperar o seu fulgor e, assim, contribuir para que todos os povos venham adorar o Senhor!
Tenhamos, pois, a coragem de nos perguntarmos neste começo de novo ano: que estrela queremos nós seguir?
P. José de Castro Oliveira