4º Domingo do Advento
Embora nos encontremos já sobre a ‘meta’, vale a pena que disponibilizemos ainda uns momentos para entrarmos na confidência que Maria, através do evangelista Lucas, nos faz do acontecimento que marcou definitivamente o rumo da sua vida: a Anunciação!
O papa Francisco, numa das suas catequeses, fez a seguinte meditação sobre Maria: “Não foi simples responder com um “sim” ao convite do anjo; e, no entanto, ainda na flor da idade, ela respondeu com coragem, não obstante nada soubesse do destino que a esperava.
Aquele “sim” foi o primeiro passo de uma longa lista de obediências – longa lista de obediências! – que acompanhou todo o seu itinerário de mãe. Assim, nos evangelhos, Maria aparece como uma mulher silenciosa, que, com frequência, não compreende tudo o que acontece ao seu redor, mas medita cada palavra e acontecimento no seu coração.
Nesta perspetiva, podemos ver um perfil belíssimo da psicologia de Maria. Não é uma mulher que se deprime face às incertezas da vida, especialmente quando nada parece correr bem; nem sequer uma mulher que protesta com violência, que se enfurece contra o destino da vida, que, muitas vezes, nos revela um semblante hostil. Ao contrário, é uma mulher que ouve: não vos esqueçais que existe sempre uma grande relação entre a esperança e a escuta, e Maria é uma mulher que ouve; Maria acolhe a existência do modo que se nos apresenta, com os seus dias felizes, mas também com as suas tragédias, que nunca gostaríamos de ter encontrado.
[Mesmo] quando o seu Filho foi pregado na cruz. Até àquele dia, Maria tinha quase desaparecido da trama dos evangelhos. Contudo, Maria reaparece precisamenete no momento crucial: quando grande parte dos amigos fogem, por terem medo. As mães não traem, e, naquele instante, aos pés da cruz, nenhum de nós pode dizer qual tenha sido a paixão mais cruel: se a de um homem inocente que morre no patíbulo da cruz, ou a agonia de uma mãe que acompanha os últimos instantes do seu filho! Ela estava ali, no momento mais triste, mais cruel, e sofria com o filho. Maria ‘estava’, simplesmente estava lá.
Maria está fielmente presente cada vez que surge a necessidade de manter uma vela acesa num lugar de bruma e de neblina. Por isso, todos nós a amamos como Mãe. Não somos órfãos: temos uma mãe no céu, que é a Santa Mãe de Deus. Porque nos ensina a virtude da esperança, até quando tudo parece sem sentido: ela permanece sempre confiante no mistério de Deus, até quando Ele parece desaparecer por culpa do mal do mundo.
Que, nos momentos de dificuldade, Maria, a Mãe que Jesus ofereceu a todos nós, possa sempre amparar os nossos passos e dizer ao nosso coração: ‘Levanta-te! Olha em frente, olha para o horizonte’, porque Ela é Mãe de Esperança!”.
É esta a Maria de que precisamos, é esta a Maria que nos convém!
P. José de Castro Oliveira