O Papa visitou o Mianmar e o Bangladesh, de 27 de Novembro a 2 de Dezembro, para celebrar os 500 anos da chegada dos missionários portugueses, idos de Goa. Mas a crise humanitária criada pela perseguição da etnia Rohingya acabou por se tornar tema central. O Papa fortaleceu as comunidades católicas minoritárias, elogiou o papel da Igreja a favor do pobres, denunciou as atrocidades cometidas, apelou ao diálogo inter-Religioso e abraçou os Rohingya.
Mianmar, 500 anos de Evangelho
O Papa Francisco chegou a Mianmar com o objetivo de celebrar os 500 anos da chegada dos primeiros missionários. Eram portugueses, idos de Goa. Foi a primeira visita de uma Papa a este país de minoria católica (1,27%). O século XX foi de ’via sacra’ para os cristãos, perseguidos e espoliados.
Na agenda do Papa ia a intervenção a favor da etnia Rohingya, perseguida no país. Este povo, de maioria muçulmana, está a ser dizimado, tendo alguns conseguido fugir para a vizinho Bangladesh, onde o Papa os iria encontrar.
O Papa Francisco multiplicou encontros diplomáticos e celebrações. Nunca citou o nome ’Rohingya’ para ‘não fechar todas as portas’, mas referiu sempre a questão dos direitos humanos e todos perceberam onde ele queria chegar. Encontrou-se com representantes de outras Igrejas e Religiões, defendendo a riqueza da diversidade e apelando ao respeito por todos, incluindo minorias étnicas. Celebrou Eucaristia com a comunidade católica.
Bangladesh acolhedor
O Evangelho também ali chegou há 500 anos levado por missionários portugueses. A primeira catedral acolhe a lápide dos missionários que ali chegaram há cinco séculos. Hoje os católicos são apenas 0,24%. Para além de encontrar e fortalecer na fé a comunidade católica, o Papa queria abraçar os 600 mil refugiados Rohingya, fugidos á perseguição no Mianmar. O encontro de Francisco com representantes desta etnia pôs toda a gente a chorar. O Papa pediu perdão pelos que perseguem e pela indiferença a que o mundo vota as vítimas. Disse que ‘a presença de Deus hoje também se chama Rohingya’, citando o nome desta etnia, pela primeira vez nesta visita á Ásia.
Houve um encontro inter-religioso pela Paz e pela Liberdade Religiosa, contra a intolerância e a corrupção.
O Papa rezou na antiga Igreja de Santo António, construída pelos missionários portugueses em 1677. Também visitou o cemitério onde estão sepultados os missionários.
Pela primeira vez numa viagem apostólica, o Papa ordenou padres: perante uma multidão de dezenas de milhares de pessoas, o papa Francisco ordenou 16 sacerdotes.
No último dia, o Papa visitou um orfanato fundado pela Santa Madre Teresa de Calcutá.