Foi assim o título escolhido pelos Bispos de Portugal na Nota pastoral que publicaram para este Jubileu Espiritano. Ao longo de um ano, multiplicaram-se celebrações, publicações e tempos de Missão e reflexão. O André Azevedo e o José Carlos Pereira foram ordenados Diáconos. O António Mosso e o João Paulo Freitas foram ordenados Padres. A 14 de Outubro, o Seminário da Torre d’Aguilha, em Cascais, acolheu o Colóquio sobre este século e meio de Missão Espiritana em Portugal.
História com Missão
Na Abertura, o P. Tony Neves, Provincial, saudou os cerca de 200 convidados e contou, apoiado pelo Álbum dos 150 anos, a história missionária que se foi construindo, primeiro em Angola e, mais tarde, nos quatro cantos do mundo. Um vídeo, realizado pelo P. Victor Silva, ajudou a ilustrar a Missão que foi acontecendo no mundo, com o compromisso dos Espiritanos de Portugal. O Álbum dos 150 anos tem como autores o P. Aristides Neiva (texto) e o P. Victor Silva (grafismo).
Conhecer o mundo e intervir
A Conferência inaugural foi proferida pela Prof. Maria da Glória Garcia, reitora-emérita da Universidade Católica, a primeira mulher a desempenhar este cargo – como bem recordou o Professor Alfredo Teixeira que a apresentou. Esta Catedrática apresentou os Espiritanos como ‘particulares buscadores de Cristo’. O grande desafio que se lança à Missão hoje é o ‘esperar’, evitando as tentações de desespero que muitas vezes bate à porta, nestes tempos de mudança em que o mundo vive. O mundo precisa de pontos de orientação e de guias de ajuda.
A Dra. Laurinda Alves, jornalista, falou da cultura do encontro e lembrou que a comunicação sem relação se perde. É bom falar de Jesus à boca cheia, porque Ele é modelo de comunicação. Apelou ao acolhimento aos refugiados e imigrantes porque, como cristãos, não temos alternativa.
A Dra Sandra Ferreira, advogada e membro da direcção social do Centro Padre Alves Correia (CEPAC) abordou a complexa realidade da imigração com todos os desafios legais, sociais e humanitários que levanta. A partir da experiência diária do CEPAC, defendeu a dignidade de todos (sejam nacionais ou estrangeiros, tenham documentos ou não) e pediu aos países (sobretudo europeus) leis mais humanas e inclusivas.
Homenagem ao P. Sabença
O momento mais emocionante foi às portas do almoço com a apresentação da revista ‘Missao Espiritana’, toda ela dedicada á figra do P. José Manuel Sabença, 2º Assistente Geral. Na mesa estava o diretor (P. Tony Neves) e dois dos sub-diretores (P. Belmiro e Irmã Glória). A revista tem duas partes distintas: a primeira com textos de homenagem, escritos por cerca de seis dezenas de amigos do P. Sabença; a segunda parte é uma selecção dos muitos textos escritos pelo homenageado durante 25 anos de uma intensa Missão que começou nos hostels da África do Sul, continuou em Portugal e concluiu-se em Roma, como Conselheiro Geral. Foi projetado um curto filme com fotos e palavras proferidas pelo P. Sabença, citando os fundadores da Congregação.
Partilha de Carismas e Missão
O Prof. Borges de Pinho, da Universidade Católica, partilhou as alegrias e os impasses da Teologia e das práticas da Igreja em relação à Missão dos leigos. Tem a convicção de que a Igreja tem de tomar a iniciativa de chamar mais pessoas para exercer dons e ministérios.
A Irmã Marta Mendes, mestra de Noviças da Aliança de Santa Maria, tentou responder, sempre com um sorriso rasgado, á questão: ‘a Vida Religiosa ainda seduz?’. Sim, se as pessoas consagradas andarem sempre à procura, se forem retalhos de luz e retratos de Deus. Concluiu que só seremos bons samaritanos se formos antes samaritanas! A oração dos consagrados é um manto de luz que cobre as sombras da humanidade.
O P. Eduardo Miranda, diretor do Centro Espírito Santo e Missão (CESM) falou da riqueza que constitui a missão partilhada entre Religiosos e Leigos. São vocações específicas que, sem se confundir, iluminam-se mutuamente. Os Leigos ajudam os Consagrados a encontrar novas dimensões do seu carisma.
Missão com o tamanho do mundo
P. António Rego, jornalista, falou destes 150 anos de semeadores do Reino de Deus. Falou da Missão numa Europa que parece não ter mais lugar para Deus mas é lugar onde Deus continua a escrever a sua história de amor. A Europa vive uma época de perguntas sobre si mesma e sobre a Missão actual.
O P. Belmiro Chissengueti, Provincial dos Espiritanos de Angola e Presidente da Conferência dos Religiosos, prestou uma homenagem de gratidão aos Espiritanos de Portugal, elogiando estes homens que partiam para áreas cujas doenças não dominavam e, por isso muitos deram a vida muito jovens. Referiu a metodologia missionária utilizada por eles, pois muitas comunidades por eles fundadas sobreviveram largos anos, durante a guerra civil, sem a visita do padre.
O P. Ailton, verbita brasileiro, falou da pastoral urbana na América Latina, num quadro de muito êxodo para as cidades que se tornam ilhas de bem-estar e mar de miséria. Deus mora na cidade…como traduzir o Evangelho de Jesus Cristo nos ambientes urbanos?
O P. Adelino Ascenso, Superior Geral dos Missionários da Boa Nova, falou da Ásia como um caleidoscópio deslumbrante e misterioso. Falou, a partir da sua experiência no Japão, dos valores maiores neste país: a harmonia, que se defende a tudo o custo; a cultura do escondimento, fruto da perseguição e 250 anos de isolamento; o silêncio, como beleza onde assenta a cultura.
Há futuro com Esperança
A Conferência de Conclusão foi proferida por D. José Cordeiro, Bispo de Bragança-Miranda. Falou do futuro da Missão ou da Missão do futuro. Jesus Cristo é o fundador da Igreja, mas também o seu fundamento. Recordou que os Bispos de Portugal, em 2003 e em 2016 pediram aos Espiritanos fidelidade criativa. Terminou a citar o Papa Francisco que pede discípulos-missionários, membros activos de uma Igreja em saída.
O encerramento solene do Jubileu será a 5 de Novembro, na Torre d’Aguilha e no CESM-Silva, com os magustos missionários. D. Filomeno Vieira Dias, Presidente da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST) preside à Eucaristia, no Seminário da Torre d’Aguilha, com transmissão directa pela TVI.
Tony Neves
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