É das imagens menos conhecidas e mais necessárias de Nossa Senhora. No ícone a Virgem olha-nos, o dedo indicador da mão direita junto aos lábios, a pedir silêncio e a apontar para o alto. A mão esquerda aberta num gesto a mandar parar, ter calma. É a “Virgem do Silêncio”, venerada na basílica do santuário com o mesmo nome, em Avezzano, na Itália Central.
Nossa Senhora do Silêncio não é um nome, é uma biografia. Da própria Virgem, de quem os Evangelhos guardaram poucas palavras e muito silêncio. Sete palavras, ensina a tradição, que quase podemos resumir em duas: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38); e “Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Uma palavra dirigida a Deus, como Filha; outra dirigida a nós, como Mãe. A primeira comprometeu a Virgem; a segunda compromete-nos a nós. A primeira está no início da sua missão, é um projeto de vida; a segunda é a última frase conhecida de Maria, é um testamento. A primeira como resposta a um convite; a segunda como convite a uma resposta. Tudo o mais é silêncio e vida. Nas duas frases o verbo fazer, como fruto do silêncio e semente da obediência.
Sim, é das imagens mais necessárias de Nossa Senhora, neste mundo dominado pela manipulação da emoção, guiado pelo exagero da mediatização, sufocado pelo barulho e explorado pela demagogia. Uma imagem a lembrar-nos a urgência de silêncio, a maturação da espera, a preparação da ação. Como compreendeu Madre Teresa de Calcutá, também ela mulher de ação nascida do silêncio: “O fruto do silêncio é a oração. O fruto da oração é a fé. O fruto da fé é o amor. O fruto do amor é o serviço. O fruto do serviço é a paz. Portanto, do silêncio nasce a oração, depois a fé, o amor, o serviço e a paz”. É claro que o silêncio não se opõe ao falar, mas ao falar mal. Há um dito judaico que conta que o Criador, quando criou a língua a advertiu: “os outros orgãos estão na vertical, mas tu ficas na horizontal; além disso, ficas fechada entre duas paredes, uma de carne e outra de osso. É para que fiques mais tempo a descansar, e só te levantes quando for necessário para educar, consolar, curar”.
Agora que terminamos o mês de maio, mês de Maria, deixemos que ela nos acompanhe como exemplo de quem tem alguma coisa a dizer, não se contenta em ter de dizer alguma coisa. Nossa Senhora do Silêncio, pacifica o nosso ouvido e muito mais a nossa língua.
É das imagens menos conhecidas e mais necessárias de Nossa Senhora. No ícone a Virgem olha-nos, o dedo indicador da mão direita junto aos lábios, a pedir silêncio e a apontar para o alto. A mão esquerda aberta num gesto a mandar parar, ter calma. É a “Virgem do Silêncio”, venerada na basílica do santuário com o mesmo nome, em Avezzano, na Itália Central.
“Crónica” é uma rubrica mensal do jornal “Ação Missionária“, pelo P. Aristides Neiva
Amém, que assim seja. Sigamos o seu exemplo