Há uma história judaica que diz que quando o Senhor decidiu estabelecer uma Aliança com o seu povo e lhe entregar os Dez Mandamentos, todas as grandes montanhas do mundo se candidataram para serem o lugar de tão sagrada e histórica ocasião. Mas o Senhor ignorou as grandes e imponentes montanhas com que embelezara o planeta e deu essa honra à modesta e pequena montanha do Sinai, para indicar que para acolher a Lei de Deus é preciso humildade. Então, porque não escolheu Deus uma planície ou mesmo um vale profundo, questionam os céticos dos critérios de Deus e da interpretação dos homens. Porque, para além da humildade, Deus quis mostrar que também era precisa a força e determinação para seguir a Sua Lei. Qualidades que uma montanha pequena representa, explicam as sabedorias judaicas.
No início de Novembro somos levados até ao convívio de Todos os Santos e do Fiéis Defuntos. Gente com quem partilhamos os caminhos e encruzilhadas da vida. Parentes e amigos que não ficarão na história dos grandes acontecimentos, mas na memória dos pequenos agradecimentos. Pessoas que não subiram nem invejaram as grandes montanhas, mas que fizeram da planície um lugar elevado de encontro e aliança com Deus. Pés que caminharam na planície como quem ajoelha no alto do Sinai. Olhos que viram o próximo como quem contempla a sarça ardente. Braços que carregaram canseiras como quem recebe as Tábuas da Lei. Vozes que alimentaram conversas como quem distribui o maná.
Entremos, pois, em Novembro com respeito e gratidão pelos companheiros da planura por onde também caminhamos. Mas também com cuidado, que este mês tem inclinação para o engano. Começa logo no nome: Novembro etimologicamente significa nono mês, mas de facto é o mês onze do calendário. Os Fiéis Defuntos não estão mortos e Todos os Santos ainda não são a totalidade. Caminhemos em Novembro como quem visita terra sagrada. Afinal, são as planícies que sustentam as grandes montanhas.
Então, porque não escolheu Deus uma planície ou mesmo um vale profundo, questionam os céticos dos critérios de Deus e da interpretação dos homens. Porque, para além da humildade, Deus quis mostrar que também era precisa a força e determinação para seguir a Sua Lei. Qualidades que uma montanha pequena representa, explicam as sabedorias judaicas.
“Crónica” é uma rubrica mensal do jornal “Ação Missionária“, pelo P. Aristides Neiva