Recordando: em 2006, um monumento ao Papa João Paulo II foi inaugurado num pequeno parque da cidade de Ploërmel, em França. O monumento, com 7,5 metros de altura, é formado pela estátua do Pontífice rodeada de um arco encimado por uma cruz. É uma obra em bronze oferta do escultor russo Zourab Tsereteli. Se a estátua do Papa em oração parece não ter incomodado ninguém, já a cruz mobilizou um grupo de cidadãos que recorreu aos tribunais para exigir a sua retirada, porque a legislação francesa proíbe símbolos religiosos em espaços públicos. Durante 12 anos a cruz andou de tribunal em tribunal. Tira a cruz, diz a acusação; não tira a cruz, diz a defesa. Pelo meio, uma cidade da Hungria ofereceu-se para ficar com o monumento. Não admira, o brasão da Hungria tem uma cruz patriarcal em grande destaque e o primeiro rei da Hungria foi Santo Estevão, também ele inseparável da sua cruz. Entretanto, também o governo da Polónia veio a público dizer que o seu país podia ficar com o monumento do seu compatriota. Finalmente, em outubro último, o Conselho de Estado da França tomou uma decisão definitiva: ou tiravam a cruz ou todo o monumento tinha de ser retirado até 25 de abril. Curiosa data, esta: é o aniversário do nascimento de São Luís, rei de França.
Por falar em cruz, na mesma ocasião, mas na Bélgica, a Cruz Vermelha mandava retirar todos os crucifixos das suas instalações.
Lembrei-me do Brasil, 1989. No carnaval, uma escola de samba quer desfilar com a imagem de Cristo Redentor. Na véspera, um tribunal proíbe. O Cristo sai na mesma na Sapucaí, mas todo tapado. Visível, só uma facha que reza: “Mesmo proibido, olhai por nós”.
Voltemos a França e à solução encontrada: a diocese comprou o monumento à autarquia e vai colocá-lo num terreno privado ao lado do parque, de modo a ser visível da rua! Não sabemos se da rua fica também visível a frase que está na base do monumento, citando João Paulo II: “Não tenhais medo”.
Uma escola de samba quer desfilar com a imagem de Cristo Redentor. Na véspera, um tribunal proíbe. O Cristo sai na mesma na Sapucaí, mas todo tapado. Visível, só uma facha que reza: “Mesmo proibido, olhai por nós”.
“Crónica” é uma rubrica mensal do jornal “Ação Missionária“, pelo P. Aristides Neiva
Caro padre Aristides Neiva,
No penúltimo paragrafo do seu texto “Mesmo Proibida, protegei-nos”, gostaria de ressaltar que a proibição da exposição da imagem do Cristo Redentor no Carnaval brasileiro de 1989, foi por uma liminar judicial concedida em favor da Arquidiocese do Rio de Janeiro, que pediu que a imagem do Cristo Redentor não fosse vinculada à festa de Carnaval, que no Brasil é extremamente promíscua e totalmente anti-cristã.
Portanto, não é como o texto quis fazer entender, que era uma proibição judicial por motivo do Estado Brasileiro ser contra imagens religiosas em eventos públicos.