Domingo de Páscoa
Já alguém afirmou que o dia de Páscoa foi e é um dia de correrias!
Quanto à pertinência desta afirmação para os dias de hoje, creio não haver discordância: quantos milhares de pessoas não percorrem dezenas e centenas de quilómetros para, nas suas casas e terras de origem, festejarem com os familiares e amigos a Páscoa e receberem festivamente a Cruz pascal?!
Sobre o que aconteceu na manhã e tarde do dia de Páscoa falam-nos os Evangelhos: as mulheres que, muito cedo, apressadamente se dirigem para o sepulcro e, depois de se terem deparado com o inesperado do sepulcro aberto e vazio, daí partem não menos apressadamente – a correr – ao encontro de Pedro e João; por sua vez, estes, embora a ritmos diferentes, mas também apressadamente, dirigem-se para o mesmo local; e, de tarde, os dois discípulos que, de forma lenta e pesarosa, regressam à sua terra natal (Emaús), donde, já noite dentro, vão, também eles, voltar apressadamente a Jerusalém, após terem reconhecido o Mestre ressuscitado.
Talvez nunca como nos dias de hoje, esta linguagem seja tão facilmente compreensível, dado o frenesim do nosso dia a dia: uma autêntica correria, desde o levantar até ao deitar! Mas, quantas vezes, corremos atrás de sepulcros vazios, onde não se pode encontrar um sentido para a vida, ou, então, desiludidos e resignados, nos deixamos arrastar pesarosamente pelos caminhos da vida, sem alegria, sem esperança, sem futuro.
Também aqui, não se trata tanto de mudar de caminhos ou de ritmo, mas de encontrar um sentido para tanta correria e para a vida toda! E, para tal, nem temos que ir longe, nem gastar muito dinheiro: basta-nos pôr em prática o convite que nos foi feito pelo Santo Padre no começo desta Quaresma, ao formular o seguinte voto: “ a luz de Cristo gloriosamente ressuscitado nos dissipe as trevas do coração e do espírito, para que todos possamos reviver a experiência dos discípulos de Emaús. Ouvir a palavra do Senhor e alimentar-nos do Pão Eucarístico permitirá que o nosso coração volte a inflamar-se de fé, esperança e amor”.
Com efeito, é através dos outros que mais seguramente encontraremos Jesus! É essa a experiência do caminho de Emaús: as palavras daquele estranho e inesperado companheiro de viagem iam direitinhas ao coração, mas, apesar disso, só O reconheceram, quando O forçaram a entrar em casa para ficar com eles e com Ele partilham o que puderam arranjar para jantar: “Fica connosco!”.
Mal de nós, cristãos, se, nesta Páscoa não nos encontramos com Cristo Ressuscitado, para d’Ele nos tornarmos, mais que simples fogos-fátuos, autênticos mensageiros junto daqueles que connosco caminham na vida. E mal deles também, quer correndo apressadamente, quer caminhando vagarosamente vergados ao peso da tristeza e do desânimo, pois continuarão à procura de sepulcros vazios!
Sejamos, pois, junto deles Mensageiros, apressados mesmo, da Ressurreição!