Foi há cem anos. No dia 12 de janeiro de 1920 aconteceu a tragédia do naufrágio do paquete “Afrique” que partindo da França se dirigia para o Senegal. A bordo seguiam 602 pessoas, sobrevivendo apenas 34. Entre as vítimas desse naufrágio conta-se o bispo do Senegal Monsenhor Jalabert e mais 20 missionários, todos espiritanos.
Cinquenta anos depois, no mesmo dia 12 de janeiro mas do ano de 1970, outra tragédia se ia abater sobre os espiritanos: cerca de 300 missionários irlandeses foram expulsos da Nigéria, vítimas do conflito que opunha a Nigéria à autoproclamada República do Biafra que vigorou entre 1967 e 1970. O mês de janeiro traz ainda outra memória dolorosa: no dia 1 do ano de 1962 dezoito missionários belgas e dois holandeses foram assassinados em Kongolo, na República Democrática do Congo, no contexto da guerra civil pós independência do país.
Lembrei-me destes acontecimentos tristes, ficando-me apenas pelo mês de janeiro, ao ler a mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, onde o Papa fala do “serviço imprescindível da memória” que deve ser preservada, quer em relação às tragédias e acontecimentos dolorosos quer em relações aos gestos de bondade e solidariedade. Com razão afirma que “a paz é um caminho de escuta baseado na memória, solidariedade e fraternidade”.
Voltando ao naufrágio do “Afrique”, doze anos antes um outro navio, o “Saint Joseph”, naufraga também a caminho do Senegal. Nele morre o Vigário Apostólico do Senegal, Monsenhor Alphonse Kummemann. Recuando mais, em 1845 o Padre Libermann envia um dos seus principais colaboradores, o Padre. Eugénio Tisserant, como Prefeito Apostólico da Guiné. Nem chegou ao destino: morre num naufrágio frente a Marrocos, a 7 de dezembro.
Ao longo do ano vamos fazendo a memória destes e outros acontecimentos, sabendo que os seus protagonistas eram missionários que iam movidos pela fé, em missão de paz, solidariedade e fraternidade.
Ao longo do ano vamos fazendo a memória destes e outros acontecimentos, sabendo que os seus protagonistas eram missionários que iam movidos pela fé, em missão de paz, solidariedade e fraternidade.
“Crónica” é uma rubrica mensal do jornal “Ação Missionária“, pelo P. Aristides Neiva