Fraco, pobre e ignorante

É um dos santos do mês de junho. Santo Éfrem (306-373), diácono da Síria, passa discreto pelo nosso calendário, e este ano ainda mais, já que o seu dia 9 coincide com o domingo de Pentecostes. Não vai ter festas populares como São João ou São Pedro, por exemplo. Por falar em São Pedro, Santo Éfrem, o Sírio, embora mais conhecido pelos seus hinos, deixou-nos esta página admirável sobre o apóstolo pescador:

“Se [o Senhor] tivesse enviado sábios, dir-se-ia que tinham persuadido o povo e o tinham ganho, ou que o tinham enganado e aprisionado. Se tivesse enviado ricos, dir-se-ia que tinham enganado o povo, alimentando-o, ou que o haviam corrompido com dinheiro e subjugado. Se tivesse enviado homens fortes, dir-se-ia que tinham atraído o povo pela força ou forçado pela violência.

Mas os apóstolos não tinham nada disso. O Senhor mostrou-o a todos através do exemplo de Simão Pedro, a quem faltou a coragem e que teve medo da voz de uma criada; que era pobre, porque não podia sequer pagar a sua quota do imposto (Mt 17,24ss): «não tenho ouro nem prata», disse ele (Act 3,6); e que era inculto, uma vez que, quando negou o Senhor, não soube encontrar um estratagema inteligente para o fazer.

Estes pescadores de peixes partiram pois pelo mundo, e alcançaram a vitória sobre os fortes, os ricos e os sábios. Que grande milagre! Fracos como eram, atraíram sem violência os fortes para a sua doutrina; pobres, ensinaram os ricos; ignorantes, fizeram discípulos entre os sábios e os prudentes. A sabedoria do mundo deu lugar a esta sabedoria que é a sabedoria das sabedorias”.

Mas estava a falar de Santo Éfrem, o Sírio, que de ignorante não tinha nada. Teólogo, poeta e músico, ficou conhecido na tradição cristã como “a cítara do Espírito Santo”. O Doutor da Igreja, que quis permanecer diácono toda a vida, morreu na cidade de Edessa quando cuidava das vítimas da peste, acabando também ele contagiado. Há forças que só nascem da riqueza de uma grande sabedoria.