“Feliz Ano Novo” dizem e eu repito e desejo para todos. Mas além do voto, apresento-vos algumas indicações e conselhos que espero vos possam ser úteis ao longo do ano. Não têm de agradecer, tanto mais que não são invenções minhas. Limito-me a seguir e partilhar os provérbios do Almanaque das Missões. Se está lá escrito é porque é útil. Falam da agricultura e afins, mas é claro que a mim interessa-me a fé e a evangelização, que de agricultura já vós sabeis.
“Enxerta em janeiro que te dá o ano inteiro”. Não estou a falar de videiras, pessegueiros ou laranjeiras, mas de começar em janeiro novos hábitos que ajudem a crescer espiritualmente. Decidir mais tempo de oração, mais compromisso na comunidade, mais procura de formação cristã…
“Fevereiro nevão, nem palha nem grão”. Isso é óbvio, quando deixamos arrefecer a fé, a ponto de ficar oculta por uma camada de indiferença, não se colhe nada.
“Quem em março não merenda, aos mortos se encomenda”. Não é apenas em março, mas vale o alerta neste mês em que vamos celebrar a Quinta-feira Santa e a instituição a Eucaristia. Quem deixa de se aproximar da mesa da Eucaristia sabe que a sua vida espiritual vai enfraquecendo até cair no paganismo.
“Quem mata uma mosca em abril, mata mais de mil”. As moscas, ensinam-nos homens sábios e santos, simbolizam os vícios. Por exemplo a Preguiça. Já ensinava São Nicodemos do Monte Athos que o demónio abriu neste mundo uma escola de vícios; mas como ele próprio não tinha tempo para dar aulas, pôs como professora a Preguiça. Está bem de ver que combatendo a Preguiça se anulam muitos outros discípulos.
“Quem semeia depois de maio, semeia para o gaio”. Que é como quem diz, não aproveitar as oportunidades que surgem, deixar para mais tarde, desleixar… Já Nosso Senhor advertira: “Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor” (Mt 24,42).
“Junho floreiro, paraíso verdadeiro”. Se as moscas eram os vícios, as flores são as virtudes. Junho é o mês dos santos populares, que é como quem diz um convite a aprender com quem viveu antes de nós e agora nos ensina como caminhar.
“Junho ceifar, julho debulhar, agosto engavetar, setembro vindimar”. Cada tempo tem sua missão e cada missão tem seu tempo. Assim como na agricultura, também na vida cristã há uma sequência de aprendizagens, etapas, celebrações… tudo contribuindo para o crescimento espiritual e compromisso de fé. A sequência da liturgia é um bom exemplo do caminho que se vai percorrendo ao longo do tempo. Mas em cada etapa é preciso fazer o que tem de ser feito.
“Logo que outubro venha, procura lenha”. Que é como quem diz, quando chega o frio, a aridez, a sonolência, a apatia, procura os remédios para combater esses males. Não desleixes, o que hoje é falta de tempo amanhã é descrença.
E em muitos outros meses, muitos outros ensinamentos…
Mas além do voto, apresento-vos algumas indicações e conselhos que espero vos possam ser úteis ao longo do ano. Não têm de agradecer, tanto mais que não são invenções minhas.
“Crónica” é uma rubrica mensal do jornal “Ação Missionária“, pelo P. Aristides Neiva