Estamos agora no caramanchão de camélias com um pequeno lago e seu repuxo, habitado por diferentes peixes… Um convite à serenidade, ao silêncio e à contemplação. A expressão popular «filho de peixe, sabe nadar» lembra-nos que herdamos algo dos nossos pais. Na vida espiritual, também podemos afirmar: “filhos de Deus sabem rezar”, porque fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Com o sacramento do batismo nos tornamos Seus filhos, trazendo dentro de nós essa capacidade natural de O procurar e, encontrando-O podemos dialogar com Ele. Para isso, é preciso ter tempo para Deus.
Palavra de Deus
«Senhor, sois o meu Deus: desde a aurora Vos procuro. A minha alma tem sede de Vós. Por Vós suspiro, como terra árida, sequiosa, sem água. Quero contemplar-Vos no santuário para ver o vosso poder e a vossa glória».
(Salmo 62)
Testemunho (Santo Agostinho)
- Santo Agostinho teve uma juventude inquieta, em busca de prazer, conhecimento e felicidade em coisas passageiras.
- A oração constante da sua mãe, Santa Mónica, e o testemunho de Santo Ambrósio ajudaram-no a converter-se.
- Ao ler São Paulo, compreendeu que procurava Deus nas coisas exteriores, quando Ele já habitava no seu coração.
- A sua célebre frase resume a sua descoberta: “Fizeste-nos para Ti, Senhor, e o nosso coração anda inquieto enquanto não repousar em Ti.”
- Assim, a verdadeira felicidade não se encontra fora, mas dentro, em Deus.
Reflexão
- Como o peixe sabe nadar por natureza, o cristão – filho de Deus – tem no coração a capacidade de rezar, de buscar a Deus.
- A oração é o alimento da fé, é o lugar onde experimentamos que Deus é Pai e que cuida de nós.
- Quem reza, aprende a escutar e a viver na confiança; quem reza, encontra a paz e o sentido da sua vida em Deus. Quem reza tem tempo para Deus.
Meditação pessoal
- Que tempo dedico à oração pessoal?
- Qual a importância de Deus na minha vida?
- Como cuidar de Deus em mim, para que Ele me cuide também?
Uma história para pensar
Um certo dia, foi um discípulo em busca do seu mestre e disse-lhe: «Mestre, eu quero encontrar Deus». O mestre olhou-o, sorrindo.
O rapaz insistia cada dia, repetindo que queria dedicar-se à religião. Então o mestre começou a ver como resolver esta situação.
Um dia de muito calor, disse ao rapaz que o acompanhasse até ao rio para se banhar. O rapaz entrou na água. O mestre seguiu-o, e, agarrando-o pela cabeça, manteve-o um bom pedaço de tempo debaixo da água, até que o rapaz começou a batalhar querendo saltar para fora. O mestre soltou-o e perguntou-lhe o que era que desejava mais quando se encontrava sem respiração dentro da água.
– Ar – respondeu o discípulo.
– Desejas a Deus da mesma maneira? – perguntou-lhe o mestre -. Se o desejas assim, encontrá-lo-ás imediatamente. Mas se não tens esse desejo, essa sede, por mais que lutes com a tua inteligência, com os teus lábios e a tua força, não poderás encontrar essa religião que desejas. Enquanto não se desperte essa sede em ti, não vales mais que um ateu. Inclusivamente por vezes o ateu é sincero, e tu não o és.
A oração é oxigénio da vida cristã. Para o cristão ela é tão essencial como a respiração, pois sem ela a vida espiritual morre.
- Rezar é oxigenar a alma: fortalece, consola e dá sentido.
- Não é apenas “falar a Deus”, mas também escutar a Sua voz.
- A oração é diálogo: exige silêncio, abertura e confiança.
Oração
Senhor, ensina-me a rezar em profundidade,
pois a minha vida sem oração não tem sentido, está morta,
tal como um corpo sem alimento.
Fortalece-me para ser um fiel discípulo missionário,
nutrido pela tua presença.
Faz com que cada dia eu seja mais dócil ao teu Espírito Santo,
para que em cada instante do meu dia eu possa servir-te e amar-te,
encontrando em Ti a força e o sentido da minha existência. Amém.









