Duas preocupações, intimamente ligadas, dominam e orientam a sua acção:
1 – Salvar as crianças mais infelizes e mais pobres;
2 – Associar Teresa de Lisieux estreitamente a esta missão e levar a descobrir, neste ensejo, a sua mensagem de amor.
Quando o Padre Brottier chega a Auteuil, a Obra vive uma situação extremamente difícil. Reina entre o pessoal e entre os rapazes um profundo mal-estar. E, depois, grandes dívidas.
Num primeiro tempo, o Padre Brottier tapa os regos de água, eleva os salários, melhora as condições de vida dos rapazes, tenta acalmar toda a gente, mas não o consegue à primeira. Os membros do Conselho não estimam nada que o Padre Brottier, quinze dias apenas depois da sua chegada, consagre o essencial dos seus esforços a lançar uma subscrição, não para tapar os buracos, mas para construir uma igreja, seja ela em honra de Teresa, que não passa duma Bem-aventurada !
Fora da Obra e mesmo no seio da Congregação do Espírito Santo, a iniciativa parece irracional, desconcertante, roçar o limite das conveniências. Escandaliza alguns amigos da Obra de Auteuil.
Os apelos a favor da subscrição destinada à capela desencadeiam um alude de dons: é o começo da maravilhosa e desconcertante cadeia de amizade que permitirá à Obra de Auteuil desenvolver-se de forma prodigiosa, para salvar uma multidão de crianças, maravilhosa cadeia de amizade, cujos elos continuem a multiplicar-se ainda hoje.
A capela é o detonador… Espalha uma vaga de graças em todos os domínios; torna-se um verdadeiro centro espiritual, confluente de súplicas angustiadas, de gritos de aflição, mas também de reconhecimento, de mensagens de amor.
O Padre Brottier constrói lugares de acolhimento e multiplica as secções profissionais; o 40 da Rua La Fontaine já não lhe basta. Abre casas na região parisiense e na Província. Germina então no seu espírito a grande ideia dos «Órfãos de França… Cria o Lar no Campo, onde, em famílias solícitas, centenas de rapazes aprenderam a arte de cultivar a terra.
Durante doze anos de trabalho apaixonado, o Padre Brottier luta para fazer recuar a miséria. Sensibiliza incessantemente os Amigos de Auteuil, para as suas preocupações e projectos. Recorda-lhes, sem uma pausa, que Teresinha está intimamente ligada a tudo quanto ele empreende a favor dos mais pobres. Escreve milhares e milhares de cartas, em que se revela o seu amor a Deus e aos mais desamparados.
Tem-se dito muitas vezes que o Padre Brottier foi um homem de negócios. É verdade. A herança que deixou é disso espantoso testemunho. Esquecemo-nos, porém, de precisar que se trata de «negócios da Providência». Sim, o Padre Brottier foi o «business-man» do Céu ! Mas os seus triunfos nunca lhe subiram à cabeça. A sua intensa vida interior, sustentada por uma constante intimidade com Deus, mantém-no numa profunda humildade, no esquecimento total de si mesmo. Aí residem as poderosas razões do seu bom êxito.
«Os médicos procuram a origem do meu mal … se conhecessem todas as misérias que me batem à porta e a minha capacidade em aliviá-las, saberiam o que hoje me dilacera »
É uma das últimas palavras do Padre Brottier.
Multiplicar por dez, praticamente, em doze anos, o número de pequenos recolhidos na Obra não o satisfaz.
A Obra do Padre Brottier não termina com a sua vida. Desenvolve-se de forma inacreditável! O Padre Marc Duval, seu segundo sucessor, abre dezasseis casas. Hoje, a Obra de Auteuil acolhe perto de 3.500 crianças e adolescentes.