Santo Antão, também conhecido como santo António do deserto, viveu mais de cem anos, metade no século III e outra metade no século IV, no Egito. Não digam que é um santo muito antigo, ou vou ter de vos perguntar há quanto tempo existe a humanidade.
A sua vida é bastante conhecida, graças a Santo Anatásio que escreveu a sua biografia poucos anos após a morte de Antão. Graças a ele sabemos que Antão ficou órfão aos 20 anos, distribuiu a herança pelos pobres e entregou-se a uma vida de oração e penitência na solidão, primeiro perto das suas origens, depois no deserto. Depois de vinte anos de vida eremítica e solitária, aceitou a missão de pai espiritual dos que queriam ser seus discípulos e com ele formarem uma comunidade, sempre dando prioridade à oração e à ascese. Daí o título de Pai dos monges, sendo considerado um dos iniciadores da via monástica. Celebramos a sua memória a 17 de janeiro, como vos lembrais.
A iconografia que o representa mostra-o, por vezes, com um porco aos pés, ou então um leitão nos seus braços. O porquê de o porco fazer companhia ao santo tem várias versões, desde a história de uma cura feita pelo santo a uma princesa, depois da qual sentiu que alguém lhe puxava pelo hábito – era uma porca a pedir ajuda para o leitãozinho doente, que Antão também curou – até à versão de que uma ordem religiosa inspirada no santo (a Ordem Hospitalar dos Antonianos) criava porcos, cuja gordura era utilizada para curar doenças de pele. O certo é que santo Antão é o protetor dos animais, e em muitas terras é costume no seu dia de festa o povo levar os animais até junto da igreja para serem abençoados. Um santo acompanhado de um animal não é caso raro, pensemos em São Roque, cuja iconografia o mostra com um cachorro ao lado. Reza a história que este santo, nascido em Montpellier, França, no século XIV, também ficou órfão e decidiu doar os seus bens, seguindo em peregrinação para Roma. Por esses anos uma peste assolava a Europa, e já em Itália Roque dedicou-se a cuidar dos doentes, acabando ele mesmo por ser contagiado. Para não pegar a doença aos outros, optou por se isolar numa floresta, onde um cachorro todos os dias lhe vinha trazer um pão. O santo acabou por recuperar, retomando o seu ministério de cuidar dos doentes. Está explicado porque são Roque é o protetor dos cães, e também invocado contra a peste. Já agora, lembrai-vos dele no dia 16 de agosto, em que se celebra a sua memória, ou lembrai-vos antes, se tendes cachorro.
Santo Antão e São Roque são-nos mostrados ao lado de animais, para que nós, vendo os nossos animais, nos lembremos destes Santos, e com estes aprendamos a ver Aquele que mudou as suas vidas.
Santo Antão e São Roque são-nos mostrados ao lado de animais, para que nós, vendo os nossos animais, nos lembremos destes Santos, e com estes aprendamos a ver Aquele que mudou as suas vidas.
“Crónica” é uma rubrica mensal do jornal “Ação Missionária“, pelo P. Aristides Neiva