Na Sagrada Escritura há muitas referências a animais, tanto selvagens como domésticos, como vos lembrais. Mas em toda a Sagrada Escritura não aparece qualquer referência aos gatos, dizem-me. Não fui conferir, deixo a tarefa para vós. Em várias tradições religiosas o gato é usado como símbolo de valores religiosos. Leio num escrito que “muitos animais foram criados por Deus com bons traços de caráter, por isso devemos aprender a imitar seu comportamento. Por exemplo: gatos são asseados; formigas são honestas; pombos são leais.” Não confirmo, mas deve ser verdade. Que podeis aprender com os gatos que andam pelas vossas casas e vizinhança, não há dúvida. Pela minha parte, vou aprendendo com os que andam a espreguiçar-se pelas fábulas.
É conhecida a fábula de Esopo que conta que um dia os ratos se reuniram em assembleia para encontrar uma solução que os protegesse da ameaça do gato, sempre a aparecer de surpresa e silenciosamente. Foi apresentado um estudo que demonstrava que o gato era a maior ameaça para o futuro dos ratos. Já todos sabiam, mas é sempre bom confirmar. Na segunda sessão da assembleia foi aprovada a proposta que resolvia o problema da ameaça e garantia um futuro de paz e prosperidade aos gatos: seria amarrada uma sineta ao pescoço do gato. Assim, sempre que se ele se mexesse, o sininho tocava e os ratos podiam manter distância de segurança. O único problema surgiu quando alguém colocou a questão: quem vai pendurar a sineta no pescoço do gato? Não houve voluntários, e tudo continuou na mesma. No tempo de Esopo esta fábula tinha muita atualidade…
Continuemos com os gatos a ronronar em fábulas. Foi o caso que a raposa e o gato se encontraram. A raposa não se cansava de se auto-elogiar, enumerando as muitas capacidades que tinha. Além disso, acrescentou, como sou esperta, viajo sempre com uma mala cheia de truques, para enfrentar qualquer situação que apareça. Já o pobre gato reconhecia que só tinha uma habilidade: subir facilmente a qualquer árvore. Estavam ainda na conversa, quando um caçador apareceu e os seus cães rapidamente encurralaram a raposa, enquanto o gato num ápice subia para uma árvore, pondo-se a salvo. Lá de cima, ainda aconselhou: “Raposa, abre lá a tua mala e tira um dos teus truques!” O gato só tinha uma habilidade, mas era a que precisava. A raposa tinha muitas capacidades, mas não a que precisava. Histórias antigas.
Os gatos até têm o seu Dia Mundial, não sei é quando. Dia 8 de agosto, dizem uns; dia 20 de fevereiro, dizem outros. Certo, é o nome da santa protetora dos gatos: Santa Gertrudes de Nivelles. Uma monja belga do século VII, cuja festa litúrgica se celebra a 17 de março. Muito invocada para perder o medo dos ratos, leio. Santa Gertrudes, rogai por nós.
Os gatos até têm o seu Dia Mundial, não sei é quando. Dia 8 de agosto, dizem uns; dia 20 de fevereiro, dizem outros. Certo, é o nome da santa protetora dos gatos: Santa Gertrudes de Nivelles. Uma monja belga do século VII, cuja festa litúrgica se celebra a 17 de março. Muito invocada para perder o medo dos ratos, leio. Santa Gertrudes, rogai por nós.
“Crónica” é uma rubrica mensal do jornal “Ação Missionária“, pelo P. Aristides Neiva