Novo Sacerdote Espiritano em missão na Bolívia
A Solenidade de São João Baptista, este ano, foi vivida com particular alegria pela Família Espiritana e pela Comunidade Paroquial de Gamil, em Barcelos, que celebrava naquele dia o seu padroeiro. O jovem Ricardo André Azevedo foi ordenado presbítero por D. Francisco Senra, bispo auxiliar de Braga, na presença de muitas dezenas de sacerdotes, espiritanos e do clero local, muitos paroquianos e membros da família espiritana.
O Ricardo André foi nomeado para a missão da Bolívia, onde já fez o seu estágio diaconal, e para onde partiu, algumas semanas depois da Ordenação Sacerdotal. Antes de partir, pedimos-lhe que nos deixasse um breve testemunho sobre a sua caminhada. Desejamos-lhe uma alegre e fecunda missão em terras da América Latina.
Naquele dia 24 de junho em Gamil estava muito sol. Um sol quente e uma brisa refrescante. Um belo dia para a celebração da minha ordenação sacerdotal.
«Queres?» «Sim, Quero!»
Por causa desse mesmo sol, a certa altura da celebração, pouco antes do rito da ordenação, fechei os olhos. E com os olhos fechados, passei em revista tantos momentos, tantos rostos, desta caminhada de vida que tem sido a vocação espiritana e missionária. Desde a minha paróquia de origem, onde trabalhei como catequista, leitor, animador do grupo de Jovens Sem Fronteiras, enquanto estudava fiscalidade ou trabalhava no Exército, até que num belo dia de sol como este, após um acampamento vocacional da Foz do Neiva, me decidi a dar asas à inquietação vocacional que me ia atormentando. Depois aquela experiência iluminadora que foi o ano de voluntariado em Cabo Verde, trabalhando na paróquia de São Miguel Arcanjo, na Calheta, bem como na saudosa Escola Padre Moniz. As diversas etapas de formação em Braga, Porto, Lille, Paris, Buenavista… tantos momentos de descoberta de alegria, de dúvidas, de decisões… muitos e muitos dias de uma energia invencível, mas também alguns em que nada parecia dar certo, as forças e o entusiasmo falhavam, e pouco mais restava a não ser abandonar tudo nas mãos daquele que me chamou. Deus providenciará! Professores, colegas, formadores, amigos das paróquias onde fui dando um pouco de mim… Como foi possível tudo isto?! Quanta Graça, obrigado Senhor!
«Queres?» «Sim, Quero!»
Abri os olhos e olhei à minha volta. Tudo decorado, arrumado, limpo, abrilhantado com esmero. Tanta gente… tantos rostos familiares e de família! Gente que de tantas proveniências, ao longe e ao perto, que à força de muitas palavras e gestos, me ajudaram a crescer em sabedoria e graça, conduzindo-me a este momento de júbilo e consagração que é tanto deles como meu. Tudo preparado com esmero e com aquela dedicação de quem sabe que todos se sentem parte deste dia, deste envio de um filho da terra, de um amigo, de um irmão. «Sr. Padre André, nós vimo-lo crescer, e a sua ordenação é também uma bênção para nós!» É bom sentir que não caminhamos sós.
«Queres?» «Sim, Quero!»
Pus a mão em pala por cima dos olhos para vislumbrar o horizonte. Mais concretamente, a missão espiritana na Bolívia, lá do outro lado do oceano. Num país sofrido, com muitas dificuldades, muitas etnias, línguas e culturas, Os Espiritanos dedicam todo o seu fôlego a fazer e mostrar Deus presente e atuante no meio do seu povo, particularmente o mais pobre e esquecido pela economia e pela justiça.
«Queres?» «Sim, quero!»
Uma comunidade espiritana pequena em número e meios, composta de sacerdotes e leigos, mas jovem e desejosa de se doar até ao último suspiro na missão. E alegre porque apesar dos poucos anos de existência, já começa a despertar em alguns jovens Bolivianos a vontade de se juntarem a nós. Nos subúrbios afavelados de Santa Cruz de la Sierra onde nos encarregamos de duas paróquias e de um centro pastoral e colaboramos na pastoral da saúde e pastoral carcerária, nos recônditos esquecidos de Buenavista onde buscamos reconstruir comunidades vivas e dinâmicas ao mesmo tempo que buscamos contribuir para a melhoria da vida do povo com projetos solidários como a produção e comercialização de cacau… Deus se faz presente caminha no meio do seu povo, cura os mais necessitados, abandonados, anima os mais tristes e desesperados, compadece-se daqueles para quem a sorte é tantas vezes madrasta, ama a cada um lá onde se encontra, dentro da sua cultura, com todas as suas luzes e sombras!
«Queres?» «Sim, quero!»
O caminho para a Bolívia é longo, as necessidades e desafios são muitos, os projetos e esperanças são ainda mais. No meio deste povo simples e necessitado sobretudo de paz e liberdade que aprendi a conhecer e a amar, não falta terreno missionário para cobrir, nas diversas paróquias que nos foram confiadas, no centro pastoral, nos projetos de justiça e paz, na consolidação do jovem Grupo Espiritano da Bolívia, formação de lideranças laicais, na animação missionária das comunidades. Mas não há projeto missionário que não seja sempre uma ponte: entre envio de alguém que foi formado e amado e que traz consigo toda uma multidão de rostos que o animam, ajudam e sustentam, e um povo que acolhe, recebe e se deixa interpelar por este estranho gesto de doação. E nós… no meio da ponte!
«Queres?» «Sim quero, com a ajuda de Deus!»
Obrigado por tudo! Agora… seja o que Deus quiser… estamos juntos!
No ofertório, apresentaram-se símbolos que ilustram a realidade da Bolívia, para onde o André é Enviado.
A Madre Índia, e através dela, as 36 etnias indígenas que habitam a Bolívia, tantas vezes alvo de opressão, discriminação e perseguição cultural e económica. Ela segura no seu colo o filho amedrontado e é também para nós símbolo do rosto materno de Deus, refúgio na adversidade;
O Chapéu de «Jipi Japa», feito com folhas de palmeira local, emblemático da cultura «Camba» do oriente Boliviano: gente que trabalha a terra de «sol a sol», alegre, franca e simples, cuja primeira e mais importante lei é a da hospitalidade;
O Aguayo, que encerra em si grande significado: não só é um tecido típico boliviano, como é o pano utilizado para as mães que, muitas vezes sozinhas, têm de encarregar-se de criar os seus filhos e procurar sustento para a família, levando-os consigo para o trabalho envolvidos neste pano.
Ordenação Presbiteral
Ricardo André Lopes Azevedo
Igreja Paroquial de Gamil,
24 de Junho de 2018
Semana Missionária de Preparação
16 de junho – 15:00
Encontro com as Crianças da Catequese
17 de junho – 10:00
Santa Missa
18 de junho – 21:00
Encontro com os Casais e com os Agentes de Pastoral (Movimentos da Paróquia)
19 de junho – 10:00
Visita aos doentes
20:30
Celebração penitencial + Confissões
20 de junho – 21:00
Encontro com os jovens
21 de junho – 21:00
Tertúlia Cinéfila: “Dos homens e dos deuses”
22 de junho – 21:30
Vigília com Adoração
24 de junho – Dia da Paróquia – 16:00
Ordenação do Diácono Ricardo Azevedo
Parabéns por esta conquista, que Deus lhe abençoe e ilumine sua vida!