Tiago Laval (1803-1864), Missionário Espiritano, é o pai espiritual da Ilha Maurícia. Impressiona ver, junto do seu túmulo, a fila de pessoas que ali vão agradecer. Vêm de toda a Ilha (e até de fora dela), crentes de muitos credos, gentes de muitas raças e cores, neste país arco-íris. A razão parece ser simples: ele foi pai de todos, médico de corpo e alma para pacientes de alma e corpo.
Eram duros os tempos em que o Padre/Médico chegou à Ilha Maurícia, ido de França. Laval foi o primeiro missionário enviado pelo P. Francisco Libermann. Por lei, os escravos tinham sido libertados. Mas estas libertações não se fazem por decreto e os negros continuavam a ser vítimas de uma escravatura real. Só na Ilha eram 70 mil e foi para estes, sobretudo para estes, que o P. Laval foi enviado.Noite e dia, anunciou o Evangelho de Cristo, libertador de todas as opressões. As suas opções e palavras claras, sempre em favor dos mais excluídos, atraíram iras dos senhores da Ilha que tudo fizeram para o desacreditar. Ameaças de morte eram o pão de cada dia. As calúnias multiplicavam-se. Mas, a oração intensa e a certeza de que estava do lado certo da história deram-lhe força e coragem para levar por diante tão exigente Missão.
À sua Igreja iam, diariamente, gentes de todas as raças, cores e credos. Escutavam as suas palavras de orientação espiritual e consolo. Tomavam a sério os seus incentivos a não cruzar os braços diante dos que continuavam a escravizar, mesmo contra a lei.
Mas o coração põe limites a quem vive e trabalha sem eles. Laval tinha 61 anos quando partiu para a casa do Pai. A Ilha parou: 40 mil pessoas participaram no seu funeral. Mais tarde, foi construído um Memorial onde hoje passam milhares de pessoas.
Foi beatificado em 1979 por S. João Paulo II. Foi a sua primeira beatificação.