2ª Etapa – Entrar no santuário (da natureza)

«Alegrem-se os céus e exulte a terra! Ressoe o mar e tudo o que nele existe! Regozijem-se os campos e tudo o que neles há! Cantem de alegria todas as árvores da floresta…»

(Salmo 96,11-12)

Nesta etapa procura contemplar a beleza da natureza e do mundo. Não se trata de observar cada espécie de planta, nem de identificar o nome de cada árvore, mas de aprender a maravilhar-se com a harmonia de tudo o que existe. Quando nos deixamos encantar pela beleza da criação, já participamos da comunhão divina. A natureza nos fala de Deus, revela o Seu rosto escondido e nos recorda que cuidar dela é também cuidar de Deus, porque Ele não se cansa de cuidar de nós.

Fica calmo, porque a contemplação pede silêncio. Aqui as palavras podem até atrapalhar. É no silêncio interior que o coração se abre e começa a escutar a voz discreta d’Aquele que tudo criou. Pela criatura, chega-se ao Criador. Na grandeza do céu estrelado ou na fragilidade de uma flor, o Senhor se revela e sussurra o quanto tu és amado.

Diante da imensidão da criação, reconhece a tua pequenez. Pois é justamente quando te reconheces pequeno que percebes a grandeza do amor de Deus. Ele que veste o lírio do campo e sustenta as aves do céu, é o mesmo que sustenta a tua vida em cada instante. Ele sempre esteve, e sempre estará, como raiz escondida de tudo o que vive e respira.

A contemplação da natureza ensina também a contemplar o próximo. Quem não sabe admirar o mundo criado, dificilmente saberá admirar a beleza de um irmão. Se exploras a terra, acabas explorando também os irmãos; mas se aprendes a respeitar e cuidar da criação, então o coração se abre para amar com sinceridade aqueles que estão ao teu lado.

Estar diante da natureza é, portanto, estar diante de Deus; é ouvir a Sua voz nos detalhes, é deixar-se abraçar pela Sua presença em cada criatura; é um convite à gratidão, ao louvor e à humildade.

Perguntou um mestre aos seus discípulos se sabiam quando acabava a noite e começava o dia. Um deles disse: – Quando vemos um animal à distância e podemos distinguir se é uma vaca ou um cavalo.

O mestre disse imediatamente: – Não

– Então é quando vemos uma árvore à distância e conseguimos distinguir se é uma figueira ou uma laranjeira. Contestou outro.

O mestre disse: – Também não.

Perguntaram-lhe ainda os discípulos. – Então, quando é?

O mestre disse: – Quando vedes o rosto de um homem e reconheceis nele um irmão; quando vedes o rosto de uma mulher e reconheceis nela uma irmã. Se não fordes capazes disso, então, seja que horas forem, ainda é noite!

(António de Mello)

Deixa-te maravilhar pela natureza… mas não te esqueças de ver em cada pessoa um irmão e uma irmã. Então faz o teu canto de louvor…

Louvado sejas, meu Senhor, pelo sol e pela lua,
pelas estrelas e pelo vento,
pela água que sacia e pelo fogo que ilumina,
pela terra que sustenta e por todas as criaturas
que nos revelam o Teu amor.

Louvado sejas, porque em cada detalhe da criação
se esconde um sinal do Teu cuidado.
Recebe, Senhor, a minha gratidão,
o meu silêncio e a minha vida.
Amém.