Alfred Mendes viveu, como soldado, a experiência da Primeira Guerra Mundial (1914-18) e marcou, com os seus relatos históricos, o seu neto, San Mendes – o realizador.
“1917” foi nomeado para 10 óscares. Ganhou dois. A jornada, que dura cerca de 24 horas, é narrada em duas – e num único plano-sequência. Essa ausência de cortes firmes, impede que o nosso olhar desvie. Há um constrangimento para seguir os movimentos da câmara, como um bailado.
“1917” é a história de dois soldados que são enviados pelo general Erinmore, através de uma terra de ninguém, recentemente sob ocupação alemã, para entregar uma carta ao coronel Mackenzie que comanda um batalhão em vias de atacar as linhas germânicas em retirada. A carta ordena que o ataque seja cancelado, já que os serviços de informações britânicos verificaram que a aparente retirada alemã era uma cilada para atrair os soldados inimigos. Se a missiva não for entregue, 1600 combatentes terão morte certa, entre os quais um irmão de Blake. No caminho, Schofield e Blake encontrarão não só um cenário de devastação como o cinema quase nunca figurou, mas armadilhas deixadas pelos alemães, gente perdida, uma inquietação permanente – em cada colina, em cada ruína, em cada curva do caminho a ceifeira negra pode estar à espera. Um filme com fantástica fotografia, de Roger Deakins.