«Um dia, há muitos anos, um aluno perguntou à antropóloga Margaret Mead qual era, para ela, o primeiro vestígio de civilização humana. A sua resposta, para espanto geral foi “um fémur com 15 mil anos encontrado numa escavação arqueológica.”
O aluno esperava que a professora falasse de anzóis, ferramentas ou barro cozido, mas ela explicou: “O fémur estava partido, mas tinha cicatrizado. É um dos maiores ossos do corpo humano e demora seis semanas a curar. Alguém tinha cuidado daquela pessoa. Abrigou-a e alimentou-a. Protegeu-a, ao invés de a abandonar à sua sorte”. Então, concluía, o que nos distingue enquanto civilização é a empatia, a capacidade de nos preocuparmos com os outros.»
Num mundo marcado pela busca da autossuficiência, parece engraçada e até desajustada esta ideia de nos fazermos próximos. No entanto os gritos dados pelo planeta têm mostrado que não parece haver outro caminho para o avançar da civilização senão o da cooperação, pois afinal “tudo está interligado”. O contexto em que vivemos mostrou a importância da comunidade, como lugar de acolhimento, encontro e proximidade, simultaneamente de crescimento e partilha de dons/bens. Vermo-nos como peças do grande puzzle que é a comunidade exige que estejamos dispostos a encontrar maneiras diferentes e criativas, caminhos novos para demonstrar este cuidado e esta empatia.
Outra marca que me parece essencial é a de assumirmos que temos de restabelecer vários “links” na sociedade em que vivemos. Acedemos a tudo mais rapidamente, somos mais informados, temos níveis de formação mais elevada e contrariamente a todas estas premissas parecem eclodir na sociedade cada vez mais divisões, maiores extremismos, menor tolerância e capacidade de integração e inclusão. Um novo elo de ligação entre as diferentes gerações, entre os povos, entre as culturas, entre os mais ricos e os que menos dispõem terá de ser reanimado através do diálogo, tal como é destacado “o urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral”
No mês marcado pela causa missionária, no qual o Papa nos recorda o valor da Fraternidade com a publicação da sua nova encíclica, fica o desafio de trabalharmos para a distinção. O prémio será certamente a marca que deixarmos uns nos outros…