No início de mais um ano letivo, e perante a iminência de novas eleições legislativas, a pergunta recorrente entre os alunos do 12º ano é invariavelmente a mesma: Óh stor mas afinal em que partido votam os cristãos?
Depois de algumas intervenções, mais ou menos felizes, nas últimas eleições europeias, a pergunta vem munida de provocação e de um desejo de perceber qual o lado da barricada em que os católicos se colocam.
Em Portugal, e nos últimos anos, as questões de fronteira e o modo como a Igreja as tem apresentado parecem querer colocar os católicos do lado dos conservadores e dos retrógrados. Os católicos portugueses parecem ter perdido voz e vez nas lutas políticas recentes.
De facto, e tirando a intervenção do Papa Francisco, parece faltar aos católicos portugueses um claro clamor pelos mais pobres, um levantar-se a favor dos desfavorecidos e descartados, não obstante toda a obra social que se reconhece às instituições católicas.
As questões sociais parecem arredadas das preocupações de intervenção dos católicos e mais próximas da esquerda ao ponto de alguns setores da própria Igreja acusarem o Papa de ser comunista e de esquerda e de estarem sistematicamente a fazerem ‘interpretações e releituras’ das suas intervenções.
O agora nomeado Cardeal Tolentino de Mendonça, numa conferência em 2017, no Centro de Reflexão Cristã, em Lisboa, deixava mesmo a questão: “Onde andam os cristãos de esquerda?”.
Percebi, neste momento, que uma turma aguardava o veredito: ‘Em quem votam os católicos?’ E apercebi-me que a minha voz haveria de tornar-se, naquela hora, uma espécie de ressoar da própria Igreja, na mente e no coração daqueles que vão já poder votar nestas eleições.
Um católico não deve estar conectado com nenhuma das tendências por que reconhece ‘que o seu reino não é daqui’. Ao cristão, que não pode viver isolado da construção social por que tem como missão salvar o Homem Todo, cabe discernir o seu sentido de voto tendo em conta o princípio da dignidade da pessoa, do bem comum, da subsidiariedade e da solidariedade. A pessoa deve estar, assim, no topo da sua preocupação no momento do voto muito mais do que a orientação de esquerda ou direita. Bons votos!